3 monstros (humanos ou não) que encontramos na Bíblia

Pode ser que você associe monstros a filmes de terror. Mas se for olhar para o conceito acadêmico, verá que chamamos de monstros os seres vivos cujas aparências desafiam as ideias comuns do que seria "normal" (com muitas aspas).

A literatura está cheia destes personagens. Basta lembrar do Frankenstein, de Mary Shelley, ou do Corcunda de Notre Dame, do romance de Victor Hugo. Talvez você não saiba, mas a própria Bíblia traz em suas páginas personagens considerados monstruosos ou desviantes da norma. Neste texto, contamos a história de alguns deles.

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1. O rei moabita Eglom

(Fonte: Wikimedia Commons)

Um dos episódios mais grotescos presentes na Bíblia está no Livro dos Juízes, quando o juiz Eúde confronta o rei moabita Eglom. Ele é exageradamente gordo e morre por uma explosão de suas próprias fezes quando uma espada fica presa no seu estômago.

Em uma das traduções do texto sagrado, o caso é descrito assim: "a gordura de Eglom fechou-se sobre a lâmina de Eúde, e o cabo entrou atrás da lâmina – pois ele não puxou a adaga de sua barriga – e a sujeira saiu".

Eglom acaba servindo como um símbolo para que os israelenses entendessem seus vizinhos moabistas, que viviam do outro lado do rio Jordão, de forma negativa. Eles eram retratados como excessivos e repugnantes, ao mesmo tempo que eram ridículos e poucos inteligentes, já que os heróis israelitas conseguem derrotá-los com alguns truques.

2. O gigante Golias

(Fonte: Wikimedia Commons)

O fato é que figuras como Eglom são usadas na Bíblia para sutilmente orientar os cristãos sobre quais povos seriam inferiores em relação a eles. Um outro exemplo é o gigante Golias, que luta contra o futuro rei Davi. Na história, o pequenino Davi entra em um combate contra o grande guerreiro, mas acaba levando a vantagem por conta de sua astúcia, ainda que tenha menos força.

Seu tamanho avantajado (ele mediria 2,38 metros de altura) traria a Golias características monstruosas. Mas vale lembrar que o gigante era um guerreiro filisteu. O Antigo Testamento os apresenta como inimigos mortais dos hebreus, a quem combatem e humilham constantemente. 

Então, talvez, não pareça coincidência de que o personagem descrito como "anormal" fosse justamente aquele que simboliza o oposto ao cristianismo.

3. Os monstros do Livro de Jó

(Fonte: Krisis Praxis)

No Livro de Jó, aquele nomeado como Satanás afirma que Jó age corretamente só porque é próspero e saudável. Por conta disso, Deus dá permissão ao diabo para que ele o teste: seus filhos são mortos, seu gado é roubado e em seu corpo surgem muitos furúnculos dolorosos. Jó então é abordado por três amigos, que insistem que ele deve ter feito algo para Deus para gerar esta punição. 

Em todo este livro, há muitas figuras que podem ser consideradas monstruosas. Há dois animais gigantes que Deus criou, chamados de Leviatã e Behemoth, além de um monstro marinho misterioso de nome Rahab.

O próprio Satanás, sem dúvida, é uma figura monstruosa da teologia judaica e cristã. Contudo, ele muda de face muitas vezes, o que traz a ideia de sua astúcia, uma vez que ele consegue enganar os humanos.

E claro que o próprio Jó, personagem central deste livro, é um personagem importante por si. Após os ataques do Satanás, o corpo de Jó se enche de inflamações que vão da planta do pé ao alto da cabeça. Sua aparência fica tão transformada que ele pode ser visto como um monstro.

Ele descreve seu sofrimento de uma forma bem explícita: “Minha pele, enegrecida, está descascando. Meus ossos estão carbonizados pelo calor (...) Minha carne está coberta de vermes e torrões de terra; Minha pele está quebrada e purulenta”.

Uma questão destoante e importante na figura de Jó é que, diferente de outros "monstros" bíblicos, a sua aparência atípica não significa que ele seja mau. É justamente o contrário: por ser essencialmente monstruoso para que sua fé seja provada, ele tem uma chance de fazer com que os leitores da Bíblia desafiem os próprios preconceitos.