Artes/cultura
23/06/2022 às 02:00•2 min de leitura
A discussão sobre os modelos de trabalho talvez nunca tenha estado tão em voga como agora. Muita gente está se questionando se há realmente a necessidade de trabalhar dos modos que fizemos até agora, com cargas exaustivas de 8 horas diárias e cumprindo jornadas específicas.
Trata-se de um movimento global, que tem envolvido vários países, a partir de um lema sobre "trabalhar menos, viver mais". É o caso da Islândia, que está experimentando diminuir a jornada de trabalho para quatro dias na semana mantendo o salário dos empregados. E, pelo que foi constatado até agora, a experiência tem sido um "sucesso esmagador".
(Fonte: Unsplash)
Um relatório produzido pela Association for Sustainability and Democracy (Alda) e pelo think tank britânico Autonomy trouxe o resultado da análise feita entre 2015 e 2019 na Islândia, que realizou o maior projeto piloto do mundo até agora. Neste período, 2.500 pessoas (correspondendo a 1% da população do país) tiveram sua semana de trabalho reduzida para 35 ou 36 horas (ao invés das 40 horas tradicionais), sem corte em seus salários.
Segundo os pesquisadores, o que se descobriu é que a produtividade dos trabalhadores permaneceu a mesma ou até melhorou. Além disso, houve uma redução drástica de níveis de estresse nessa população e um maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
O sucesso do experimento levou que sindicatos se mobilizassem para renegociar os contratos de trabalho, e agora 86% da população ativa na Islândia deve mudar para este novo modelo.
Will Stronge, diretor de pesquisa da Autonomy, declarou à BBC: "este estudo mostra que o maior teste do mundo de uma semana de trabalho mais curta no setor público foi, sob todos os aspectos, um sucesso esmagador. Isso mostra que o setor público está maduro para ser pioneiro em reduzir as semanas de trabalho - e as lições podem ser aprendidas por outros governos".
(Fonte: Unsplash)
Outros países também estão sinalizando a possíveis mudanças nas jornadas trabalhistas. A pandemia de covid-19, que mostrou que muito do trabalho também é possível de ser realizado em casa, pode ter acelerado este processo.
O Reino Unido acabou de lançar um projeto que visa estudar a redução da jornada de trabalho. Até o momento, 70 empresas, totalizando 3.000 funcionários, já se inscreverem para participar da pesquisa, encabeçada por cientistas das Universidades de Cambridge e Oxford e Boston College, além do think tank Autonomy e dos grupos 4 Day Week Global e 4 Day Week UK Campaign.
A Escócia planeja entrar em um modelo semelhante em 2023, quando os trabalhadores terão suas horas reduzidas em 20%, sem perda de salário. O Partido Nacional Escocês está apoiando financeiramente as empresas privadas que quiserem participar.
Na Nova Zelândia, a gigante Unilever está experimentando uma redução de 20% das horas de trabalho dos funcionários sem mudar os seus salários. Já a Alemanha, que tem a jornada semanal de trabalho mais curta da Europa (com 34,2 horas semanais), estuda a possibilidade de diminuir a carga para 4 dias, com o apoio dos sindicatos.