Ciência
19/04/2017 às 08:41•2 min de leitura
Educar crianças e fazê-las entender questões sobre limites, perigo, comportamento e afins é um trabalho complexo e não muito romantizado, ao contrário do que se possa imaginar ao ver algumas representações midiáticas sobre maternidade e paternidade.
Na hora do susto ou da irritação, muitos adultos acabam encontrando no castigo físico uma forma de impor respeito. A questão das palmadas vem sendo discutida com mais intensidade e propriedade à medida que estudos pedagógicos e psicológicos são realizados – tanto é assim que hoje a realidade já é bem diferente do tempo em que professores eram autorizados a usar a terrível palmatória, por exemplo.
O que se tem descoberto é que os castigos físicos possuem efeitos em longo prazo, até mesmo porque a criança geralmente não recebe apenas uma ou duas palmadas, mas acaba sendo punida de outras maneiras, tanto físicas quanto psicológicas – por isso fica difícil estudar separadamente os efeitos de uma palmada, apenas.
Um estudo realizado sobre os efeitos das palmadas em 160.927 crianças, conduzido pela Dra. Elizabeth Gershoff e publicado no Journal of Family Psychology, e que levou em consideração informações apenas sobre palmadas leves e não sobre surras mais agressivas, revelou que esse tipo de atitude não apenas tem reflexos negativos no comportamento da criança, como é um método não eficaz de exigir obediência.
Gershoff revelou que os estudos mostram que pais que batem nos filhos não conseguem a atenção que querem e que as crianças que apanham costumam carregar algum tipo de sequela psicológica ao longo da vida.
Ela explica, ainda, que não se pode ir pela lógica de que “eu apanhei também e nunca me fez mal”. A verdade é que adultos que apanharam muito quando eram crianças acabam tendo mais chances de desenvolver problemas de saúde mental e de se comportar de maneira antissocial.
Um levantamento da UNICEF, feito para saber quantas crianças tinham apanhado em casa, revelou que, na maioria dos países, 70% delas haviam sido punidas fisicamente no mês anterior. Gershoff aproveita para frisar que a frequência também afeta o psicológico das crianças: quanto mais apanham, mais provavelmente terão reflexos negativos desse tipo de punição no futuro.
Para educar bem, o ideal é estudar o comportamento dos pequenos e, se for necessário, buscar ajuda pedagógica e psicológica em vez de recorrer a castigos físicos.
A punição física foi considerada ilegal pela primeira vez em 1979, quando a Suécia proibiu pais, mães e responsáveis de baterem em seus filhos. No Brasil, a legislação sobre o tema entrou em vigor em 2014, com a chamada Lei da Palmada, que não autoriza qualquer “ação punitiva ou disciplinar aplicada com emprego de força física que resulte em sofrimento físico ou lesão”. O texto define, ainda, que ações de humilhação, ridicularização e ameaças graves são tratamentos cruéis e degradantes.
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