Estilo de vida
25/12/2024 às 18:00•3 min de leituraAtualizado em 25/12/2024 às 18:00
Muitos adultos gostam de ingerir bebida alcoólica de vez em quando, e não tem nada errado com isso. O problema acontece quando o consumo de álcool passa a ser exagerado.
Normalmente aprendemos sobre os danos trazidos em órgãos específicos, como o fígado. Mas qual será o efeito do consumo excessivo de álcool no nosso cérebro? A longo prazo, isso pode causar prejuízos muito sérios a um de nossos órgãos mais importantes.
Quando a gente começa a ultrapassar os limites na bebida, nosso cérebro já começa a dar sinais: passamos a falar de forma enrolada. Segundo o American Addiction Centers. o efeito normalmente só é visto quando a concentração de álcool no sangue atinge 0,1% – o limite legal de direção nos Estados Unidos para maiores de 21 anos é de 0,08%. Já aqui no Brasil, o limite é de 0,05%. Se o resultado no bafômetro for superior a esse valor, o condutor recebe uma multa por infração gravíssima.
Isso acontece por várias razões. Uma delas é o desequilíbrio de dois neurotransmissores principais: o glutamato, que é excitatório; e ácido gama-aminobutírico (GABA), que é inibitório. Quando há mais GABA e menos glutamato no ambiente cerebral, nossos neurônios disparam mais lentamente e tudo leva mais tempo. É por isso que o álcool tem um efeito sedativo na maior parte das pessoas.
Se o desequilíbrio afeta áreas responsáveis pelo controle motor, começamos a ter prejuízos no movimento voluntário dos músculos da língua e da face, o que dificulta a formação adequada das palavras, e passamos a falar de maneira confusa.
Outro efeito é a falta de equilíbrio nas pernas: começamos a cambalear e mal conseguimos andar em linha reta. Isso acontece porque a bebida também altera a função dos neurônios motores que afetam a caminhada e a coordenação. O efeito aqui é no cerebelo, que controla o movimento e a coordenação das informações visuais e espaciais que ajudam a nos manter em pé, bem situados de onde estamos. Geralmente isso acontece quando o nível de álcool no sangue está entre 0,18 e 0,25.
Muita gente também manifesta alterações na memória, e é por isso que há relatos de apagões. Aqui, a parte do cérebro atingida é o hipocampo. Acredita-se que o álcool prejudique o seu processo de funcionamento, e passamos a não registrar as memórias do que passamos quando estamos bêbados.
A bebida alcoólica também atinge a nossa inibição, e comumente costumamos a fazer coisas que nunca faríamos se estivéssemos sóbrios. Nesse caso, a região do cérebro que o álcool está prejudicando é o córtex pré-frontal, que controla o raciocínio, o julgamento e a maior parte das nossas habilidades cognitivas.
O mais preocupante, no entanto, são os efeitos a longo prazo, que acontecem quando o uso da bebida alcoólica se torna crônico. O vício costuma ocorrer porque o álcool ativa o circuito de recompensa do cérebro, mediado pela dopamina, o que pode levar algumas pessoas a ficarem adictas. Nesse caso, a decisão de beber não está mais sob controle da mente consciente.
Como o álcool alivia temporariamente a dor e as emoções negativas, o consumo só aumenta. E isso pode levar a várias consequências, como a encefalopatia de Wernicke, um distúrbio cerebral agudo provocado por uma deficiência de tiamina, a vitamina B1. O problema neurológico pode levar a lesões permanentes e até a morte se não for tratada rapidamente.
Outra situação que pode ocorrer é a síndrome de Korsakoff, uma doença neurológica que se caracteriza por uma amnésia de longo prazo e confusão mental. Trata-se, na verdade, de uma complicação da encefalopatia de Wernicke.
Os médicos afirmam que não é possível afirmar com precisão qual seria uma quantidade segura universal para não se aproximar dos problemas graves. Pensando em todas as questões, fica claro que a melhor decisão é evitar o consumo em excesso do álcool. Bebida, só de vez em quando.