Ciência
30/06/2014 às 06:33•3 min de leitura
Nos últimos tempos, a ciência que visa estudar o nosso cérebro avançou bastante e permitiu que os cientistas desvendassem muitas coisas acerca desses delírios que acontecem em nossas cabeças. Mas, se muitas alucinações psicóticas ainda são desconhecidas para os pesquisadores, imagina para pobres mortais como nós?
Sabe-se que essas síndromes neurológicas fazem com que imagens aleatórias apareçam no pensamento das pessoas. Vias específicas do cérebro podem criar uma determinada ilusão e pessoas diferentes podem ter a mesma alucinação. Conheça 7 síndromes psicóticas que mostram que tudo é possível quando o cérebro rompe a realidade.
Quem já leu o livro ou assistiu ao filme “Alice no País das Maravilhas” sabe que as personagens têm percepções distorcidas de tempo e espaço, além de visões de objetos e partes do corpo bem maiores ou menores do que seus tamanhos reais. O mesmo acontece com a pessoa que sofre dessa rara síndrome.
Até onde se sabe, a síndrome pode ser causada por infecções virais, epilepsia, dores de cabeça muito fortes e tumores cerebrais. Estudos têm sugerido que a atividade normal em partes do córtex visual que tratam a informação sobre as formas e tamanhos dos objetos pode causar essas alucinações.
Existem relatos de que o próprio autor Lewis Carroll tenha sofrido dessa síndrome e usado essas alucinações como inspiração para escrever o conto do estranho sonho de Alice. O psiquiatra inglês John Todd escreveu um artigo sobre isso e relatou que os pacientes usaram o livro para explicar suas ilusões.
Esta estranha síndrome é uma doença mental rara em que os pacientes acreditam que eles estão mortos, estão morrendo ou que perderam os seus órgãos internos. Ela aparece em algumas pessoas com problemas psiquiátricos e neurológicos, incluindo a esquizofrenia, traumatismo crânio-encefálico e esclerose múltipla.
O neurologista francês Jules Cotard foi o primeiro a descrever a doença, em 1880 e relatou o caso de uma mulher que achava que não tinha cérebro ou intestino, portanto, pensava que não precisava comer. Obviamente, ela morreu de fome. Recentemente, uma mulher de 73 anos foi para a sala de emergência gritando que estava morrendo e que iria para o inferno.
Os médicos descobriram que essa última paciente tinha sangramento em seu cérebro devido a um acidente vascular cerebral. Ela recebeu o devido tratamento no hospital e seus delírios foram resolvidos dentro de uma semana, de acordo com o relatório publicado em janeiro de 2014 na revista Neuropsiquiatria.
Essa síndrome costuma ocorrer em pessoas que perdem a visão. Elas relatam ter vívidas alucinações e complexas visualizações de coisas que não estão lá e até mesmo que não existem. Elas têm ilusões de rostos de pessoas, desenhos animados e até imagens abstratas e objetos estranhos.
Acredita-se que essa condição ocorre porque o sistema visual do cérebro já não recebe informação visual do olho ou da retina e começa a fazer as suas próprias imagens. Essa síndrome ocorre entre 10% a 40% dos adultos que têm perda significativa da visão, de acordo com estudos recentes.
Essa bizarra condição psiquiátrica é extremamente rara e faz com que os pacientes acreditem que estão se transformando em lobos ou outros animais. Eles começam a ver o seu próprio corpo em transformação e insistem que estão crescendo pelos, os dentes estão mais afiados e as unhas estão se transformando em garras.
E os lobos não são os únicos alvos. Existem casos de pessoas com crenças delirantes sobre estarem se transformando em cães, porcos, sapos e cobras. Segundo um estudo publicado em março de 2014 na revista História da Psiquiatria, isso ocorre em pessoas com esquizofrenia, transtorno bipolar e depressão grave.
Quem sofre de Ilusão de Capgras acredita que uma outra pessoa substituiu o lugar de alguém de seu convívio, como um amigo ou seu cônjuge. Ela passa a não ter mais a imagem real do rosto das pessoas e acha que um impostor se passa por ela.
A ilusão tem sido relatada em pacientes com esquizofrenia, doença de Alzheimer e lesões avançadas da doença, demência e Parkinson. Um estudo de imagens cerebrais relata que pode haver atividade neurológica reduzida no sistema cerebral que processa informações sobre rostos e respostas emocionais desses pacientes.
O nome dessa síndrome é baseado no famoso personagem de Shakespeare e a pessoa desenvolve uma crença paranoica que o seu parceiro/parceira a está traindo. Ela começa a ter fortes pensamentos obsessivos e pode mostrar agressividade e violência.
Um homem africano de 46 anos teve um derrame que o deixou incapaz de se comunicar, além de deixá-lo paralisado em metade do seu corpo. O paciente se recuperou gradualmente, mas desenvolveu um ciúme delirante e persistente, além de agressão contra sua esposa, acusando-a de o trair com um homem desconhecido.
Pacientes com essa síndrome (também conhecida como delírio parasitário ou infestações delirantes) acreditam fortemente que estão infestados de parasitas que se rastejam sob sua pele. Eles relatam sensações de coceira e de serem mordidos. Às vezes, em um esforço para se livrar da patologia, eles se machucam gravemente, resultando em feridas e infecções reais.
Até hoje não se sabe o que causa esses delírios, mas estudos têm relacionado a condição com mudanças estruturais no cérebro. Alguns pacientes melhoraram depois de serem tratados com medicamentos antipsicóticos.
Realmente, essas síndromes são muito estranhas e até mesmo assustadoras. E você conhece alguma outra condição psicótica que não relatamos aqui? Conte para nós nos comentários abaixo!