Ciência
02/06/2021 às 03:00•2 min de leitura
Em 1986, na cidade de Caracas, capital da Venezuela, trabalhadores consertavam o asfalto de uma rodovia perto do Aeroporto Internacional Símon Bolívar quando se depararam com uma mancha de 50 metros de comprimento.
A princípio, o governo não se preocupou, mas isso mudou quando o material começou a se expandir cada vez mais, principalmente em condições quentes e úmidas, e passou a causar acidentes graves.
(Fonte: David Atioch/Reprodução)
Um grupo de especialistas recrutados pelo governo venezuelano do Ministério de Transportes e Comunicações descreveram a massa como espessa, gordurosa, preta e com uma polegada de espessura, assemelhando-se muito a um chiclete mascado, que deixava a estrada escorregadia como gelo.
A equipe acreditava que a substância era composta por poeira, óleo e vários materiais orgânicos e sintéticos, inclusive entraram em contato com o então presidente Carlos Andrés Pérez para apontar sua opinião. No entanto, eles chegaram à conclusão de que não sabiam do que se tratava.
Em 1991, "La mancha negra", como ficou conhecida, já havia causado a morte de 1.800 pessoas através de acidentes cada vez piores, tornando-se um problema de saúde pública. O MTC tentou remover a mancha com água pressurizada e esfregar com produtos químicos, mas sem sucesso. Incapaz de limpá-la até por raspagem do solo, eles asfaltaram a rodovia de novo, só para ver a mancha atingir a superfície dias depois.
(Fonte: Interestrip/Reprodução)
Um comissário do MTC apostava que a poeira nas estradas e o óleo liberado dos carros formaram a pasta, mas foi incapaz de explicar porque ela conseguia ultrapassar até o besunte do asfalto.
Uma matéria do The Wall Street Journal, de 1996, até embasou a teoria do comissário apontando os caminhões e carros muito antigos que eram os principais responsáveis por despejar gasolina no chão, visto que os tanques estavam sempre cheios com os preços tão baixos do combustível no país. Os caminhões pipa acabavam deixando pingar incontáveis litros de água pela estrada todos os dias, dando forma a um unguento de gasolina e poeira, que ficava completa com a falta de manutenção e o baixo índice pluviométrico.
Em 1996, um equipamento importado da Alemanha conseguiu controlar "La mancha negra" por apenas algum tempo. Em 2001, ela reapareceu nas avenidas Baralt, Nueva Granada, Fuerzas Armadas, Sucre e Urdaneta, na cidade de Caracas.
Até hoje ninguém conseguiu determinar exatamente de onde ela vem, tampouco como.