Mão invisível: experimento prova como estímulos visuais enganam o cérebro

16/04/2013 às 05:202 min de leitura

Observe uma de suas mãos, equipada com dedos que servem para uma infinidade de ações, como segurar objetos, coçar o corpo, digitar mensagens e usar o controle remoto. Se você posicionar uma das mãos sobre uma mesa e esconder a outra, apesar de você saber que uma delas não está visível, é possível enganar o nosso cérebro com relação à habilidade de reconhecer o próprio corpo.

De acordo com um interessante artigo publicado pela National Geographic, inclusive existe um famoso experimento que comprova como é fácil enganar o nosso cérebro com relação ao que é nossa mão e ao que não é. O estudo em questão foi desenvolvido por pesquisadores de Princeton na década de 90, que criaram uma ilusão envolvendo as mãos de um grupo de voluntários e uma terceira mão, feita de borracha.

Enganando o cérebro

O experimento consiste em posicionar as duas mãos sobre uma mesa com uma divisória, posicionando uma mão de borracha paralelamente a uma das mãos verdadeiras, enquanto a outra fica fora do campo de visão, escondida do outro lado da divisória.

Então, as duas mãos — a real que está oculta pela divisória e a de borracha — são estimuladas de forma sincronizada e, depois que os toques param na mão real, os participantes começam a “sentir” os estímulos aplicados sobre a mão de borracha. O vídeo abaixo está em inglês e não conta com legendas, mas serve para ilustrar como o experimento funciona.

O experimento demonstra que as informações sensoriais que o cérebro está processando estão baseadas em informações visuais registradas através da observação da mão falsa. No entanto, cientistas do Karolinska Institutet da Suécia conseguiram ir mais longe com a ilusão desenvolvida pelo pessoal de Princeton, percebendo que o truque pode ser replicado inclusive quando não há uma mão falsa para servir de estímulo visual.

Mão invisível

Fonte da imagem: Reprodução/National Geographic

Os suecos perceberam que, contando que os estímulos sejam aplicados a uma determinada distância dos corpos dos participantes — correspondente ao local onde a mão estaria —, eles também percebiam os toques, mas sobre uma mão invisível. E mais: para comprovar que os participantes realmente estavam sentindo os estímulos feitos no espaço vazio correspondente ao da mão, os pesquisadores golpearam o membro invisível com objetos afiados.

Surpreendentemente, os voluntários começaram a transpirar e, quando foram encorajados a fechar os olhos e a apontar para o local no qual haviam sido atingidos em suas mãos, eles apontavam exatamente para o ponto correspondente que havia sido golpeado no membro invisível. O experimento demonstra que esse fenômeno ocorre porque estamos acostumados a sentir nossas mãos mesmo sem vê-las.

Isso significa que o nosso cérebro precisa atualizar continuamente sua impressão sobre onde os nossos membros se encontram baseado no que os nossos sentidos estão lhe dizendo. Aliás, não é nada incomum que as pessoas sintam membros invisíveis — os amputados sentem os seus o tempo todo —, e o experimento pode servir para desenvolver terapias para o tratamento de dores crônicas relacionadas a partes do corpo que não existem mais.

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