Ruminação: por que as pessoas ficam obcecadas com as coisas?

21/04/2023 às 11:003 min de leitura

Se você for como a maioria das pessoas, é possível que já tenha passado pela experiência de se tornar obcecado com algo estressante que ocorreu em seu dia. Tal evento pode ter sido uma coisa que alguém lhe disse e que o afetou profundamente, uma situação em que você gostaria de ter feito tudo perfeitamente ou pode ser um problema que se mantém em sua mente, sem que haja uma solução aceitável à vista.

Quando esses pensamentos se tornam cada vez mais negativos e persistentes, a ciência da saúde mental chama de ruminação.

O que é ruminação?

(Fonte:GettyImages/ Reprodução)(Fonte:GettyImages/ Reprodução)

A ruminação é caracterizada por pensamentos excessivos e repetitivos que interferem em outras linhas de pensamento. Esse tipo de pensamento é comum em condições como transtorno de ansiedade generalizada e transtorno obsessivo-compulsivo, mas também pode ocorrer em pessoas que não possuem um transtorno diagnosticável, acontecendo de tempos em tempos.

Em alguns casos, a ruminação pode ser muito impactante, pois amplia a importância e o estresse de uma situação que já causou estresse em nossas mentes. De uma forma geral, podemos dizer que ela é composta por duas variáveis distintas: reflexão e preocupação excessiva.

A reflexão pode ser útil, pois refletir sobre um problema pode levar a soluções e ajudar a processar emoções fortes associadas a ele. No entanto, a preocupação excessiva está associada a um comportamento menos proativo e a um humor mais negativo.

A ruminação também aumenta o sentimento de desamparo, já que não podemos mudar o que já aconteceu. Ou não ser capazes de recriar a situação no futuro e responder com a resposta perfeita, e isso pode nos fazer sentir impotentes e mais estressados.

Por fim, perceber quanto tempo gastamos ruminando sobre a situação pode levar a ainda mais frustração quando percebemos que estamos deixando a situação arruinar nosso dia. Além disso, a chamada corruminação, onde repassamos uma situação com os amigos repetidamente, pode trazer mais estresse para ambas as partes, tornando-se contraproducente.

Sinais de ruminação

(Fonte:GettyImages/ Reprodução)(Fonte:GettyImages/ Reprodução)

Podemos distinguir a ruminação do processamento emocional produtivo por sua natureza e efeitos. Enquanto ambos se concentram nos problemas e emoções envolvidas, a ruminação tende a ser mais negativa, com um foco em padrões de pensamento pessimistas e distorções cognitivas que destacam principalmente os aspectos negativos de uma situação.

Por outro lado, o processamento emocional produtivo começa de forma semelhante, mas leva a aceitação e liberação de emoções negativas, ao contrário da ruminação, que nos mantém "presos" a elas.

Há alguns indicadores comuns de que podemos estar presos na armadilha da ruminação, como a concentração contínua em um problema por mais de alguns minutos ociosos, o sentimento de piora emocional, a falta de progresso em aceitar e seguir em frente, e a inexistência de uma solução viável à vista. E, lembrando, se uma conversa com um amigo acaba fazendo com que ambos se sintam pior, provavelmente se envolveram em corruminação.

Como funciona a ruminação

(Fonte:GettyImages/ Reprodução)(Fonte:GettyImages/ Reprodução)

A maioria das pessoas não tem a intenção de ruminar sobre seus problemas. Em vez disso, desejam ser felizes e manter pensamentos positivos. No entanto, quando somos confrontados com algo frustrante, ameaçador ou ofensivo — algo que é difícil de aceitar — não conseguimos simplesmente ignorar. Podemos tentar compreender o ocorrido em nossa mente, buscar aprendizado com a situação ou apenas procurar validação de que o que aconteceu não deveria ter ocorrido.

A ponto-chave é que, independentemente do motivo, não conseguimos parar de pensar nisso e, consequentemente, ficamos chateados. O aspecto mais característico da ruminação é o seu enfoque negativo improdutivo, que a diferencia do processo regular de solução de problemas. Coisa que pode incluir a repetição mental dos detalhes de uma situação ou a discussão com amigos sobre o ocorrido.

Como a ruminação é tratada

(Fonte:GettyImages/ Reprodução)(Fonte:GettyImages/ Reprodução)

A ruminação pode ser tratada por meio de várias abordagens terapêuticas, incluindo terapia cognitivo-comportamental (TCC) e medicação. A TCC ajuda a mudar padrões de pensamento negativos e distorcidos associados à ruminação, por meio de técnicas como a reestruturação cognitiva e o treinamento de habilidades de resolução de problemas. Além disso, a TCC pode ajudar a identificar fatores de estresse e a desenvolver estratégias eficazes de enfrentamento.

A medicação pode ser usada para tratar transtornos de ansiedade e depressão que estão frequentemente associados à ruminação. Antidepressivos podem ajudar a melhorar o humor e reduzir os sintomas de ansiedade e depressão, enquanto os ansiolíticos podem ajudar a reduzir a ansiedade.

Além disso, algumas técnicas de autocuidado podem ser eficazes na redução da ruminação, como a prática regular de exercícios físicos, meditação e mindfulness. A terapia ocupacional também pode ser útil na promoção da expressão criativa e da reflexão pessoal, o que pode contribuir para reduzir a ruminação.

É importante notar que o tratamento da ruminação é altamente individualizado e pode variar dependendo da causa subjacente do problema e das necessidades individuais do paciente. Um profissional de saúde mental treinado pode ajudar a avaliar as opções de tratamento mais adequadas para cada indivíduo e auxiliar no desenvolvimento de um plano de tratamento personalizado.

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