Artes/cultura
27/09/2022 às 12:00•5 min de leitura
Legado colonial de saques, o diamante indiano Koh-i-Noor é um contestado tesouro do Reino Unido classificado como presente da antiga nação asiática para a Grã-Bretanha. Porém, sua história percorre séculos e é recheada de detalhes que vão muito além dos contados, remetendo a lembranças sobre conquistas, violência e domínio de uma região já muito oprimida por grupos de forasteiros.
Até 1725, com a descoberta de minas de diamantes no Brasil, a Índia era o reservatório mundial de pedras preciosas. Em vez das roupas enfeitadas e ricas em cores, membros da alta hierarquia da corte estabeleciam gemas específicas para serem utilizadas em diversos cenários, especialmente com o estabelecimento a dinastia islâmica Mughal, em meados de 1526.
Por 330 anos, esse grupo, liderado pelo turco-mongol Zahir-ud-din Babur e oriundo do território que atualmente se localiza entre o Afeganistão e o Paquistão, expandiu seu domínio por quase todo o sul da Ásia Central, explorando montanhas de pedras preciosas e saqueando regiões conhecidas por suas riquezas. Foi nessa época que houve a primeira menção ao Koh-i-Noor, quando o governante mongol Shah Jahan encomendou um magnífico trono incrustado pelo diamante e pelo rubi Timur.
(Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)
Rapidamente, esse luxo atraiu a atenção de concorrentes da Ásia Central, incluindo o líder persa Nader Shah. Em 1739, ele ordenou uma invasão a Delhi e ordenou uma carnificina, resultando em dezenas de milhares de vítimas e no esgotamento de todo o tesouro. No total, foi necessário o uso de 700 elefantes, 4.000 camelos e 12.000 cavalos para levar as preciosidades ao atual território do Irã, enquanto o rubi e o Koh-i-Noor foram implantados como adornos de uma braçadeira real.
O domínio do diamante gerou uma espécie de maldição, onde líderes passaram a se assassinar nos anos seguintes — incluindo a morte de um filho por seu pai. Em meio a tantos conflitos, os britânicos, encantados com tantas riquezas, decidiram se aproveitar da situação e expandiram seu controle, no século XIX, por meio da Companhia Britânica das Índias Orientais. Eles estavam de olho no Koh-i-Noor
Após retornar à Índia em 1813, pelas mãos do sikh Ranjit Singh, um simbolismo de poder e prestígio atingiu a região. Esse momento foi considerado uma espécie de redenção para o país e acabou atraindo o interesse da coroa britânica, que esperaria a morte do governante, 1839, para iniciar um plano de retenção da pedra. Essa estratégia viveu durante um período violento, até que Duleep Singh, e sua mãe, Rani Jindan, assumissem o trono.
Em 1849, os britânicos invadiram o país asiático e aprisionaram seus líderes. Assim, eles foram forçados a assinar o Koh-i-Noor e todas as reivindicações de soberania — tudo isso enquanto Singh possuía apenas 10 anos de idade. A partir desse momento, o diamante tornou-se um bem pessoal da rainha Vitória e sofreu um processo de polimento para que esbanjasse um brilho nunca antes visto.
(Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)
O diamante foi incrustado em um broche e logo depois foi integrado à coroa real. Sua última aparição pública ocorreu em 2002 e, desde então, a preciosidade remete a uma história capaz de horrorizar mesmo os menos sensíveis, tratando de iniciativas que envolvem oportunismo, sede de poder e as facilidades de intervenção articuladas por países com um passado como colonizador.
Legado colonial de saques, o diamante indiano Koh-i-Noor é um contestado tesouro do Reino Unido que é classificado como presente da antiga nação asiática para a Grã-Bretanha. Porém, sua história percorre séculos e é recheada de detalhes que vão muito além dos contados, remetendo a lembranças sobre conquistas, violência e domínio de uma região já muito oprimida por grupos de forasteiros.
Até 1725, com a descoberta de minas de diamantes no Brasil, a Índia era o reservatório mundial de pedras preciosas. Em vez das roupas enfeitadas e ricas em cores, membros da alta hierarquia da corte estabeleciam gemas específicas para serem utilizadas em diversos cenários, especialmente com o estabelecimento a dinastia islâmica Mughal, em meados de 1526.
Por 330 anos, esse grupo, liderado pelo turco-mongol Zahir-ud-din Babur e oriundo do território que atualmente se localiza entre o Afeganistão e o Paquistão, expandiu seu domínio por quase todo o sul da Ásia Central, explorando montanhas de pedras preciosas e saqueando regiões conhecidas por suas riquezas. Foi nessa época que houve a primeira menção ao Koh-i-Noor, quando o governante mongol Shah Jahan encomendou um magnífico trono incrustado pelo diamante e pelo rubi Timur.
Rapidamente, esse luxo atraiu a atenção de concorrentes da Ásia Central, incluindo o líder persa Nader Shah. Em 1739, ele ordenou uma invasão a Delhi e ordenou uma carnificina, resultando em dezenas de milhares de vítimas e no esgotamento de todo o tesouro. No total, foi necessário o uso de 700 elefantes, 4.000 camelos e 12.000 cavalos para levar as preciosidades ao atual território do Irã, enquanto o rubi e o Koh-i-Noor foram implantados como adornos de uma braçadeira real.
O domínio do diamante gerou uma espécie de maldição, onde líderes passaram a se assassinar nos anos seguintes — incluindo a morte de um filho por seu pai. Em meio a tantos conflitos, os britânicos, encantados com tantas riquezas, decidiram se aproveitar da situação e expandiram seu controle, no século XIX, por meio da Companhia Britânica das Índias Orientais. Eles estavam de olho no Koh-i-Noor
Após retornar à Índia em 1813, pelas mãos do sikh Ranjit Singh, um simbolismo de poder e prestígio atingiu a região. Esse momento foi considerado uma espécie de redenção para o país e acabou atraindo o interesse da coroa britânica, que esperaria a morte do governante, 1839, para iniciar um plano de retenção da pedra. Essa estratégia viveu durante um período violento, até que Duleep Singh, e sua mãe, Rani Jindan, assumissem o trono.
Em 1849, os britânicos invadiram o país asiático e aprisionaram seus líderes. Assim, eles foram forçados a assinar o Koh-i-Noor e todas as reivindicações de soberania — tudo isso enquanto Singh possuía apenas 10 anos de idade. A partir desse momento, o diamante tornou-se um bem pessoal da rainha Vitória e sofreu um processo de polimento para que esbanjasse um brilho nunca antes visto.
O diamante foi incrustado em um broche e logo depois foi integrado à coroa real. Sua última aparição pública ocorreu em 2002 e, desde então, a preciosidade remete a uma história capaz de horrorizar mesmo os menos sensíveis, tratando de iniciativas que envolvem oportunismo, sede de poder e as facilidades de intervenção articuladas por países com um passado como colonizador.