Estilo de vida
24/09/2013 às 10:51•6 min de leitura
Quem nunca viu um animal “que parece gente”?! Pois é, talvez essas situações em que vemos bichinhos se comportando de maneira semelhante a um humano revelem que existem muito mais semelhanças do que diferenças entre os humanos e os animais.
São atitudes que nos fazem repensar a capacidade desses bichinhos e o instinto que eles têm em proteger ou influenciar seus semelhantes. Confira essa lista criada pelo Cracked com alguns comportamentos encontrados entre cães, gatos, aves e até mesmo insetos que vão lembrar muito a nossa realidade.
Fonte da imagem: Reprodução/Shutterstock
Quantas vezes você já não saiu com o seu amigo mais beberrão e jurou para você mesmo que não ficaria atrás dele no número de doses? Pois saiba que os ratos-do-campo, que são animais comuns na América do Norte, têm um comportamento bastante semelhante ao que você e seu amigo têm no bar.
Eles são peludinhos e podem parecer fofinhos, mas os pesquisadores concluíram que existe um instinto competidor que aflora entre os ratos quando o assunto é álcool. Péssima notícia para as esposas dos ratinhos, porém, essa é uma excelente novidade para os pesquisadores se dedicam ao estudo do consumo social de álcool e as relações interpessoais.
Por esse motivo, foi realizado um experimento entre a Oregon Health & Science University e o Portland Veterans Affairs Medical Center, ambos nos Estados Unidos, para entender melhor o comportamento dos animais. Vários ratos-do-campo foram colocados em uma gaiola equipada com água e uma bebida com 6% de teor alcoólico. Foi possível observar que quando estavam sozinhos, os ratos bebiam quantidades iguais de água e álcool. No entanto, quando os roedores estavam acompanhados de um de seus semelhantes, eles passavam a preferir o álcool em 80% do tempo.
Os pesquisadores notaram que alguns pares bebiam mais e outros menos, mas em qualquer um dos casos, os ratos buscavam consumir a mesma quantidade de álcool que o animal que lhes fazia companhia na gaiola.
Para checar se isso não passava de uma coincidência, os cientistas conduziram um novo experimento em que os ratos tinham a sua disposição água e água açucarada, que é a bebida que eles mais gostam. Surpreendentemente, embora eles realmente tenham preferido a água açucarada à água, o comportamento deles mudou completamente e eles passaram a consumir a água açucarada em maiores quantidades simplesmente para não deixar que seu companheiro fizesse o mesmo.
Fonte da imagem: Reprodução/Shutterstock
Sabemos que alguns seres humanos não lidam muito bem com situações em que são obrigados a dividir seu espaço. Mas sabemos também que ter jogo de cintura é importante para evitar desentendimentos. E disso, até os gatos entendem.
Um experimento realizado pela BBC e a Royal Veterinary College mostrou que os gatos são capazes de dividir ou até mesmo abrir mão de seu espaço para evitar conflitos. O estudo foi realizado nos arredores de Londres, na Inglaterra, onde rastreadores e câmeras desenvolvidas especialmente para capturar os movimentos dos gatos foram instaladas em 50 animais domésticos com objetivo de registrar sua interação com outros felinos.
As descobertas mostraram que, mesmo quando um animal assume claramente ser o dono de um determinado espaço, ele permite que outros gatos ocupem momentaneamente seu território. Os novatos usam o espaço recém-adquirido para caçar ou apenas para descansar, mas sabem que eventualmente precisarão sair para que o dono ou um outro animal reocupe aquele local.
Mas não pense que os gatos são sempre animais acolhedores. Os pesquisadores notaram que não é qualquer felino que pode ocupar o espaço de um outro gato. Se os animais forem rivais, inclusive, são grandes os riscos do novato ser perseguido, em vez de acolhido. Por outro lado, uma vez que o animal foi aceito no espaço que já pertence a um gato, isso é um bom sinal.
Fonte da imagem: Reprodução/Shutterstock
Ou você pensava que senhas serviam apenas para controlar o acesso a caixas de e-mail, contas bancárias e o seu smartphone?! Além de proteger suas informações pessoais de possíveis intrusos, os pássaros da espécie Malurus cyaneus são conhecidos na natureza por usarem uma senha para impedir que outros pássaros invadam seu ninho.
Um estudo publicado no periódico Current Biology descobriu que as mães da espécie tradicionalmente encontrada na Austrália começam a cantar para seus ovos uma semana antes deles chocarem. A música escolhida por ela passa a funcionar como uma senha e, depois que os filhotes saem de seus ovos, eles precisam reproduzir o mesmo canto para que sejam alimentados. Caso eles errem o código, a mãe abandona o ninho e deixa que as aves morram.
Notou-se que esse comportamento é comum na espécie porque os cucos da região costumam botar seus ovos nos ninhos dos malurus na esperança de que as mães criem os filhotes como se fossem seus. O problema é que, além de consumirem boa parte do alimento que a mãe traz, os cucos têm o mau hábito de empurrar os malurus para fora do ninho.
Os cientistas concluíram que a espécie desenvolveu esse sistema de reconhecimento de voz para conseguir diferenciar seus filhotes de possíveis invasores, mesmo que os cucos sejam cinzentos e tenham uma aparência muito diferente dos filhotes de malurus. Como era de se esperar, os cucos chegam a tentar reproduzir o canto de sua madrasta, mas não obtêm sucesso na hora de conseguir comida.
Durante o estudo, os pesquisadores notaram que a senha muda de ninho para ninho e conseguiram reconhecer 19 elementos melódicos diferentes que são usados pelas fêmeas de malurus para criar um canto único. Isso significa que se você é daqueles que usa a senha “123456” para todas as suas contas na internet, um pássaro pode ser mais eficiente do que você na hora de criar um código secreto.
Fonte da imagem: Reprodução/Shutterstock
Alguma vez você deixou aquele seu primo mais novo ganhar no videogame apenas para que o jogo pudesse durar mais tempo? Então saiba que pesquisas recentes revelaram que os cães machos têm um comportamento bem parecido com relação às fêmeas.
O estudo mostrou que os cães tratam as fêmeas de maneira diferente quando estão brincando de luta, por exemplo, deixando partes mais sensíveis do corpo à mostra – como o pescoço ou o focinho – já que atingir essas áreas significa marcar mais pontos na brincadeira. Também é comum observar em algumas raças que, mesmo tendo uma estrutura física mais forte, os machos costumam cair mais vezes no chão para favorecer suas companheiras.
A pesquisadora Camille Ward, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, afirma que os filhotes se permitem perder para fazer com que a brincadeira dure por mais tempo ou resulte em algum tipo de romance. O comportamento chama a atenção dos cientistas porque a atitude mais comum na natureza é que um macho se comporte como dominante para conseguir se reproduzir com o máximo de fêmeas possível, mas parece que algumas raças de cachorros simplesmente não seguem essa regra.
Fonte da imagem: Reprodução/Shutterstock
Se considerarmos que os jogos de azar são uma atividade humana que envolve todo o processo de apostar uma quantia considerável de dinheiro em algo que não traz quase nenhuma certeza de retorno, deixando o apostador cada vez mais perdido, como imaginar que esse tipo de comportamento poderia ser identificado em pombos?
O psicólogo Thomas Zentall, da Universidade de Kentucky, nos Estados Unidos, recrutou algumas aves espertas e resolveu testar como seria seu comportamento diante de um sistema de tentativas e recompensas para comprovar se os seres vivos realmente têm uma tendência a arriscar grandes quantias em troca de pequenos e esporádicos retornos.
Os pombos foram devidamente treinados para que pudessem entender como o experimento funcionaria. Depois desse processo, cada uma das aves foi colocada diante de luzes que deveriam ser bicadas em troca de alimento. O esquema funcionava da seguinte maneira: uma luz colocada à direita do pássaro piscava em duas cores diferentes (azul e amarelo, por exemplo), mas qualquer uma delas recompensava a ave com 3 grãos de ração toda vez que fosse bicada, enquanto a luz à esquerda piscava em verde e vermelho, sendo que o verde apareceria 80% das vezes, mas não recompensava o pombo com nada e o vermelho, que apareceria somente 20% das vezes, resultava em 10 grãos de ração.
O sistema é um pouco confuso, mas indica que se o pombo tivesse tendência a ser um apostador, mesmo tendo uma opção que sempre lhe daria recompensas, ele preferiria tentar a luz verde/vermelha, apesar de não saber qual cor acenderia e se receberia comida em troca da sua escolha. Estatisticamente falando, as aves que agissem de maneira menos impulsiva receberiam mais comida do que as apostadoras.
Curiosamente, o pesquisador pode observar que as aves preferiam apostar na grande maioria das vezes (82%). Thomas Zentall acredita que esse comportamento acontece porque a expectativa de conseguir uma grande quantidade de comida é recompensadora. O cientista ainda traçou um paralelo com as pessoas que chegam a passar dias em frente às máquinas de apostas sem comer ou ir ao banheiro.
Contudo, assim como acontecem com as apostas feitas por humanos, foi possível reconhecer que o apostador perde o interesse quando a expectativa diminui. Ao fazer com que tanto a luz verde como a vermelha recompensassem com 10 grãos de ração em 20% das vezes, os pombos passaram a ter uma atitude mais segura, preferindo bicar as luzes que sempre resultavam em 3 grãos de ração.
Fonte da imagem: Reprodução/Shutterstock
Você vai se surpreender ao ver que os insetos também ficam mais sociáveis e chegam até a oferecer “presentes” para seus semelhantes com o único objetivo de alcançar o mais alto posto em sua colônia. O que os cupins da espécie Cryptotermes secundus fazem pode ser facilmente comparado a uma campanha eleitoral.
A notícia do New Scientist aponta que a primeira fase da eleição do novo comando começa com a divisão da colônia em pequenos grupos de 50 a 100 insetos, já que todos os cupins trabalhadores podem se tornar rei ou rainha quando o último inseto perde sua posição. Porém, quando chega esse momento, apenas 12% dos insetos passam pela transformação física necessária para conseguir assumir o trono. Na etapa seguinte, os oponentes começam a lutar e aqueles que se mostram mais fracos ou acabam feridos são devorados pelos outros cupins.
De uma hora para outra, os candidatos sobreviventes se tornam insetos mais sociáveis e começam a passar mais tempo confraternizando com o restante da colônia. O contato entre as antenas dos cupins candidatos com os trabalhadores é um gesto bastante comum e é impossível não relacionar esse comportamento com os políticos que saem às ruas para cumprimentar seus eleitores. Ocasionalmente, os cupins em campanha também alimentam os cupins trabalhadores, já que suas fezes são uma das fontes de energia dessa espécie de insetos.
Embora guarde muitas semelhanças com a maneira com que nos organizamos, o processo de eleição do rei e da rainha do cupinzeiro costuma ocorrer em até 11 dias, enquanto por aqui as eleições se estendem por meses.