Estilo de vida
04/11/2018 às 09:00•2 min de leitura
Se você já assistiu ao sucesso da Marvel “Pantera Negra” e se tornou fã das guerreiras Dora Milaje, talvez já tenha lido ou ouvido algo a respeito das inspirações para a criação das personagens nos quadrinhos. Uma das principais apostas é no famoso exército africano composto apenas por mulheres do Reino do Daomé, na África Ocidental (atual República do Benim), as quais lutaram contra os franceses no século 19.
Segundo especulações, o grupo teria sido criado ainda no século 17, voltado à caça de elefantes. No entanto, por terem impressionado o rei com suas habilidades de luta, ele as teria tornado suas guarda-costas. Já de acordo com outra versão da história, as mulheres eram as únicas pessoas com permissão para estar no palácio do rei depois de escurecer e, por essa razão, teriam acabado se tornando guarda-costas.
Geralmente recrutadas quando ainda eram adolescentes, as chamadas Amazonas do Daomé eram treinadas para serem fortes, rápidas, implacáveis ??e lutar até a morte, de acordo com relatos. A propósito, a denominação “Amazona” foi atribuída a essas mulheres por viajantes e historiadores ocidentais, que as comparavam à mítica tribo das Amazonas.
Elas não podiam se casar ou ter filhos, pois, ao se unirem ao regimento, se tornavam legalmente casadas com o rei. Enquanto algumas buscavam esse estilo de vida por sua própria vontade, outras eram inscritas por maridos insatisfeitos com o fato de elas serem "indisciplinadas".
No único tratado completo em inglês dedicado ao estudo das guerreiras, o autor Stanley Alpern escreveu: “Quando as Amazonas deixavam o palácio, um escravo com um sino sempre andava na frente delas. O toque do sino sinalizava a todo homem que ele precisava se afastar e olhar para outro lado.”
Outro que deixou registradas suas impressões foi o explorador Richard Burton, que chegou à região em 1863 a fim de estabelecer uma missão britânica na costa e buscar a paz com os daomeanos. “Essas mulheres tinham esqueletos e músculos tão bem desenvolvidos que só era possível determinar o sexo pela presença dos seios.”
E não era para menos. Afinal, os exercícios de preparação incluíam saltos sobre as paredes cobertas de galhos espinhosos e expedições de 10 dias na selva sem equipamentos, por exemplo. Além disso, as Amazonas do Daomé aprendiam habilidades de sobrevivência e treinamento de insensibilidade, com um teste de iniciação envolvendo ver se elas eram impiedosas o suficiente a ponto de empurrar prisioneiros de guerra para a morte, a partir de uma altura fatal.
Durante as batalhas, elas lutavam até a morte e incutiram medo em seus vizinhos por mais de 2 séculos. Era costume voltar para casa com a genitália cortada e as cabeças de seus oponentes.
Em 1890, o rei do Daomé, Behanzin, iniciou uma guerra com as tropas francesas — a qual mais tarde foi chamada de Primeira Guerra Franco-Daomeana. De acordo com evidências apontadas por alguns estudiosos, como resultado de um provável misto de hesitação dos soldados franceses e extrema habilidade das amazonas no campo de batalha, o lado europeu sofreu perdas substanciais.
No entanto, após receberem o apoio de uma legião estrangeira e um bom armamento, os franceses infligiram graves ataques ao exército daomeano e acabaram prevalecendo.
Segundo o que sugerem os registros históricos, o regimento contava com um número entre 1 mil e 6 mil membros antes de ser dissolvido no século 20, como parte da expansão colonial francesa. A última amazona morreu em 1979.
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