Artes/cultura
09/09/2019 às 04:00•3 min de leitura
“Percebi que a arquitetura da África não é tão divulgada quando a comparamos com a da Ásia, da Europa, do Oriente Médio e da Índia”, escreveu no Twitter o usuário identificado como Igbo Excellence (igbo é uma etnia do leste da Nigéria). A esse tweet se seguiram outros, com mais de 40 exemplos de estilos arquitetônicos do continente.
Porém, como bem esclareceu à revista Veja o professor de arquitetura da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) especializado em África Roberto Conduru, o continente é composto por centenas de etnias, cada uma elas com sua própria cultura.
“Falar em arquitetura africana é como enfiar a arquitetura inca, a modernista colombiana e um prédio da Avenida Paulista em um mesmo saco sul-americano. Não faz o menor sentido”, disse ele.
Além disso, muitos dos prédios usados como exemplo pelo usuário do Twitter são, na verdade, de arquitetos italianos, ingleses e espanhóis. Vale, então, lembrar não apenas a genialidade dos arquitetos das etnias Kassena, Axanti e Musgum e a singularidade de suas cabanas, como também a modernidade simples e bela dos projetos do burquinense Diébédo Francis Kéré ou dos irmãos angolanos Alexandre e António Costa Lopes, estendendo-se de prédios comerciais e museus a escolas e assentamentos rurais.
Independentemente do estilo, confira uma amostra do que há de mais belo na arquitetura do continente.
Os Musgum (ou como chamam a si mesmos, Mulwi) são um grupo étnico espalhados pelos dois países. Suas cabanas, feitas de lama seca ao sol, têm desenhos singulares.
A pequena vila circular de Tiébélé, famosa por suas sukhalas, ou casas coloridas sem janelas, abriga os Kassena, grupo étnico mais antigo do país.
O Império Axanti há muito ruiu, mas seus edifícios de terra, madeira e palha, vestígios do grande reino, são considerados Patrimônio da Humanidade.
Os Ndebele se concentram na província de Mpumalanga, nordeste do país. Sociedade poligâmica, a pintura das fachadas é de responsabilidade das esposas.
É o maior edificio em adobe do mundo. Considerada por muitos o maior exemplo do estilo sudano-saheliano, foi declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
Museu arqueológico em Aswan, é um projeto do arquiteto egípcio Mahmoud El-Hakim. Recebeu o Prêmio Aga Khan de Arquitetura em 2001.
Localizado no Parque Nacional Mapungubwe (considerado Patrimômio da Humanidade), o centro é um projeto do sul-africano Peter Rich.
Em um terreno de apenas 15 metros quadrados, o arquiteto marroquino Mohammed Amine Siana ergueu uma das mais belas casas de Casablanca.
Construído na zona ribeirinha de Luanda, ao lado da sede do Banco Nacional de Angola, o museu subterrâneo é uma criação dos irmãos Costa Lopes.
Nascido na pobreza em Burkina Faso, Francis Kéré viajava 40 km até a escola, mal iluminada e sem ventilação. Já formado em arquitetura, ele voltou à sua cidade natal para erguer a Escola Primária de Gando, seu primeiro projeto.