Artes/cultura
22/11/2019 às 11:30•2 min de leitura
Uma equipe das Universidades de Yale e Havard recriou três receitas contidas em um tablete da Coleção Babilônica de Yale. As receitas foram grafadas em escrita cuneiforme por volta do ano 1700 a.C.. O texto dos tabletes foi decifrado em 1985 por Jean Bottéro, um assiriologista frânces e chefe gourmet. Contudo, as receitas nunca foram reproduzidas ou provadas por ninguém em quase 4 mil anos. Em julho deste ano, o grupo se reuniu para fazer algumas das receitas seguindo a tradução dos códigos feito por Bottéro.
De acordo com Agnete Lassen, curadora associada da Coleção Babilônica de Yale, enquanto o grupo recriava uma das receitas, ela tinha a impressão de que não daria certo ou que o método estava errado, porém, após deixar fervendo por um tempo, constatou que a comida estava deliciosa. "Nossa ideia foi revisar as antigas traduções e ver onde poderíamos melhorar nossa compreensão das terminologias para chegar mais perto de entender essas receitas", diz Lassen.
A equipe que recriou a receita mais antiga do mundo recebeu a ajuda de Nawal Nasrallah, um historiador da culinária que ajudou a ler as entrelinhas para aprender mais sobre a cultura e enriquecer a receita a partir da história das pessoas que a criaram. A curadora associada afirma que, talvez, o sabor de alguns ingredientes atuais seja um pouco diferente dos da época, porém, ainda é uma receita totalmente aproximada às feitas na época babilônica e que ninguém hoje em dia ainda havia provado.
De acordo com Bottéro, chega a ser impressionante perceber como o povo da Babilônia já realizava técnicas muito comuns hoje. Para ele, a culinária babilônica era cheia de requinte e sofisticação. "Não ousaríamos pensar que uma culinária de 4 mil atrás anos fosse tão avançada", afirma.
https://youtu.be/qfqhJNUtiww
O nome de uma das receitas recriadas foi traduzido como unwinding, que pode ser interpretado, segundo Agnete, como desenrolar, desenlaçar. "O nome não possui nenhuma razão específica, mas pode ser chamada assim por ser considerada uma comida reconfortante", afirma. A receita é um ensopado de alho-poró e cebola. Pedaços secos de grãos triturados são inseridos no prato e se desmancham.
As refeições foram preparadas para um evento realizado no Instituto de Estudos do Mundo Antigo da Universidade de Nova Iorque (NYU) e no Departamento de Nutrição e Estudos Alimentares.