Estilo de vida
02/04/2020 às 03:00•2 min de leitura
Xícaras, tigelas, potes, vasos de cerâmica quebrados e inúmeros ossos de animais. A escavação realizada por arqueólogos em uma área de Girsu, conhecida como Uruku, no Iraque, terminou com a descoberta de uma antiga área de culto ao deus guerreiro mesopotâmico Ningirsu.
A área, afirmam os arqueólogos, tem cerca de 5 mil anos de idade e era o local onde eram realizadas procissões, sacrifícios de animais, festas de fogo e rituais dedicados a Ningirsu. Os itens encontrados estavam próximo e dentro de uma favissa, um poço ritual de 2,5 metros de profundidade, explicaram Sebastien Rey, diretor do projeto Tello/Ancient Girsu, do Museu Britânico, e Tina Greenfield, zoarqueóloga da Universidade de Saskatchewan, que trabalhou no projeto.
Além da área de culto e de objetos dedicados a Ningirsu, talvez uma das descobertas mais impressionantes foi de uma estatueta de bronze em forma de pato e com olhos feitos de concha. Segundo os arqueólogos, ela pode ter sido dedicada a outra deusa, a Nanshe, que é associada à água, pântanos e aves aquáticas.
Arqueólogos encontraram diversos objetos utilizados em rituais na chamada "dinástica primitiva"
Os arqueólogos explicaram ainda que provavelmente as xícaras e cálices encontrados foram utilizados em um banquete religioso antes de descartados no poço em um ritual. Já os ossos de animais podem indicar, além do consumo, o sacrifício em rituais dedicados ao deus.
A equipe de escavação encontrou ainda oito estruturas ovais cheias de cinzas. As cinzas provavelmente foi o que sobrou de grandes incêndios rituais. Já as estruturas encontradas debaixo delas podem ser restos de lanternas ou luminárias de chão, acreditam os arqueólogos. Além disso, eles estimam que a área de culto foi utilizada entre 2950 e 2350 a.C., em um período chamado de “dinástica primitiva”.
Em e-mail enviado à Live Science, Rey e Greenfield afirmam que o grande número de cerâmicas cerimoniais encontradas, assim como a estrutura de piso queimado e da favissa conectada à área cultica, indicam que a população de Girsu se reunia no local para festivais religiosos de honra aos deuses.
Muitos objetos estavam debaixo de uma espessa camada de cinza, que indica a realização de grandes incêndios rituais
No final do século XIX e início de século XX foram encontradas tabuletas cuneiformes em Girsu. Nelas há a descrição de banquetes e procissões religiosas realizadas na área de culto. Segundo as inscrições, um banquete religioso em honra a Ningirsu era realizado duas vezes por ano, com duração de três ou quatro dias.
Os arqueólogos, que continuam trabalhando em Girsu, apresentaram as descobertas na reunião anual da American Schools of Oriental Reserach, em novembro de 2019, em San Diego.