Ciência
24/06/2020 às 09:00•3 min de leitura
No ano de 1492, o espanhol Rodrigo Borgia foi eleito como o 214º Papa da Igreja Católica. Através da alcunha de "Papa Alexandre VI", Borgia prosseguiria sua jornada para se tornar uma das figuras mais emblemáticas e polêmicas a empossar o trono do Vaticano.
Durante os 11 anos de seu pontificado, Alexandre VI foi acusado de vender ofícios da Igreja e até mesmo de contratar 50 prostitutas para promover uma noite de orgia entre membros da organização católica.
Neste artigo, você conhecerá mais sobre a trajetória de Rodrigo Borgia dentro da maior instituição religiosa do mundo, que conta uma história repleta de amantes, nepotismo e inúmeros subornos na tentativa de alcançar o topo.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Nascido na cidade de Xàtiva, próxima a Valência, em 1431, o Papa Alexandre VI foi criado dentro de uma família influente da Espanha, que fazia parte da parcela mais nobre e rica na época da Renascença. E foi através da influência da família Borgia que Rodrigo almejou o poder.
Seu tio, Alfonso de Borgia, se tornou o Papa Calisto III em 1455, quando passou a indicar parentes aos cargos da Igreja. Graças a Alfonso, Rodrigo se tornaria cardeal aos 25 anos de idade e, um ano depois, vice-chanceler do Vaticano.
Ainda jovem e tomando gosto pelo poder da Igreja, o espanhol era visto como um "grande negociador". Pelos corredores da Santa Sé, ecoavam os boatos de que Borgia estava constantemente envolvido em grandes orgias e casos de corrupção.
Em 1458, o tio de Alexandre VI deu lugar ao novo Papa Pio II, o qual mantinha relacionamento amistoso com a família Borgia. Pio, inclusive, constantemente alertava Rodrigo sobre os "maus olhos" que suas festas sexuais levavam à Igreja.
Durante seu tempo na instituição católica, Borgia manteve dois casos amorosos notoriamente conhecidos: as nobres Vannozza dei Cattanei e Giulia Farnese, ambas casadas. Alexandre VI abertamente reconheceu ser pai de sete crianças derivadas dessas relações e historiadores acreditam que mais filhos ilegítimos podem não terem sido reconhecidos pela história.
Apesar dos diversos alertas sobre seu comportamento inadequado, a habilidade política de Rodrigo Borgia e seu jogo de palavras foram suficientes para sustentar seu caminho até o ponto mais alto da Igreja Católica três décadas depois.
Agora com 61 anos de idade, Rodrigo Borgia acabou entronizado após o falecimento do Papa Inocêncio VIII em 1492. Alexandre VI conquistaria a maioria dos votos dos cardeais da Igreja depois de subornar grande parte dos membros do clero — assim como seu tio Alfonso havia feito em sua época.
O nome da família Borgia mais uma vez foi elevado ao patamar mais elevado da Igreja Católica e Rodrigo estava disposto a se aproveitar da situação. Por suas ordens, Alexandre VI indicou 10 pessoas de seu ciclo familiar para o colégio de cardeais.
Entre os nomes mais reconhecidos estiveram seu filho Cesare, de apenas 18 anos de idade e o irmão mais novo de uma de suas amantes, Alessandro Farnese — que posteriormente seria nomeado Papa Paulo III em 1534.
Túmulo dos papas Calisto III e Alexandre VI em Roma (Fonte: Wikimedia Commons)
Cesare e seu pai Alexandre VI foram responsáveis por sediar uma imensa orgia no Palácio Apostólico, a residência oficial do Papa na época, no ano de 1501. Chamada de "Banquete das Cortesãs", a festa envolveu membros próximos a família papal e mais 50 prostitutas.
Apesar dos questionamentos recentes de historiadores da Igreja sobre a veracidade dos fatos, a noite foi registrada no diário do mestre de cerimônias papal, Johann Burchard. A extravagância trazia o retrato da família Borgia, conhecida por seus inúmeros casos de escândalo público e reputação suja na sociedade.
Durante seu reinado, Alexandre VI foi acusado de cometer inúmeros pecados aos testamentos da Igreja, tal qual a venda de ofícios da instituição. A prática de simonia é conhecida pelo comércio de favores divinos, bençãos e cargos eclesiásticos — o que é estritamente proibido.
Em 1503, Alexandre VI e seu filho Cesare adoeceram durante o mesmo período. As suspeitas de envenenamento ou malária culminaram na morte de Rodrigo Borgia aos 72 anos, encerrando seus 11 anos de papado. Por fim, o Papa mais polêmico da história da Igreja Católica foi sepultado na igreja de Santa Maria de Moserrato, em Roma, onde permanece até hoje.