Artes/cultura
08/04/2021 às 11:30•3 min de leitura
A televisão brasileira muitas vezes se revela como uma rica fonte de informações e reflexões sobre a sociedade brasileira. Nesse sentido, além de divertir, essa mídia pode promover a aprendizagem de uma forma crítica e atualizada.
Por isso, apresentamos sete momentos em que essa tecnologia foi utilizada como um recurso para educar o olhar, provocar o debate e denunciar o preconceito nos discursos.
Fonte: TV Globo/Reprodução
Na terça-feira (6), durante o programa Big Brother Brasil (BBB 21) da TV Globo, o apresentador Tiago Leifert interrompeu o quadro da eliminação, um dos momentos de maior audiência, para falar sobre um incidente no qual o participante Rodolffo fez uma brincadeira sobre o cabelo “black power” do participante João Luiz.
Sobre a alegação do cantor goiano de que não tinha noção do sofrimento causado nas pessoas pretas de dentro e fora da casa, Leifert foi incisivo: “É por isso que nós, brancos, precisamos nos informar”, lembrando que há muito material informativo disponível nas mídias, sem que as pessoas que foram vítimas de comentários preconceituosos tenham que fazer isso.
“Eles [pretos e pretas] não querem mais ensinar, eles estão de saco cheio de ensinar”, afirmou o apresentador, lembrando que “é nossa obrigação ir atrás desse tipo de informação e não cometer esse tipo de erro mesmo que seja sem querer”. “O sem querer e o de propósito doem do mesmo jeito”, concluiu.
Fonte: TV Tupi/Reprodução
Pouca gente sabe, mas o primeiro beijo homossexual da TV brasileira aconteceu em 1963, entre as atrizes Vida Alves e Geórgia Gomide, em uma peça de teleteatro chamada A Calúnia, na TV Tupi. As duas interpretavam diretoras de uma escola denunciadas por uma aluna como amantes. A escola acaba fechando, e as duas se descobrem realmente apaixonadas, e se beijam.
Fonte: TV Globo/Reprodução
Personagens trans não são muito comuns em obras artísticas. Por isso, quando escrevia a novela A Força do Querer de 2017, a autora Glória Perez teve que recorrer a um ator trans (Tarso Brant) para compor o personagem Ivan, vivido pela atriz Carol Duarte, e que começa a trama como Ivana, transformando-se aos poucos até completar sua transição.
Fonte: TV Globo/Reprodução
Antes de abordar a questão da transexualidade, em 2017, a autora Glória Perez tratou do tema de um homem se identificar com o sexo oposto, introduzindo na novela Explode Coração, de 1995, a travesti Sarita Witt, interpretado de forma memorável pelo ator Floriano Peixoto, um homem que se vestia e comportava como mulher.
O grande drama de Sarita era querer adotar uma criança soropositiva, mas sofrer diversos preconceitos pela sua forma de vestir e comportar. Na época, a história não se aprofundou em questões como a identidade de gênero e a orientação sexual da personagem.
Fonte: Globo News/Reprodução
No meio do ano passado, telespectadores começaram a criticar a Globonews no Twitter, falando sobre a incoerência de fazer a cobertura dos protestos contra o racismo ocorridos nos EUA e Brasil, usando os testemunhos corriqueiros de jornalistas brancos. As reclamações renderam um raro momento histórico na TV brasileira: o telejornal "Em Pauta" do dia 3 de junho de 2020 foi inteiramente apresentado por negros.
Coordenados pelo (emocionado) âncora Heraldo Pereira, as jornalistas Flavia Oliveira, Zileide Silva, Aline Midlej, Lilian Ribeiro e Maria Júlia Coutinho comentaram os fatos do dia, que incluíam uma declaração do presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, que chamou o movimento negro de "vagabundos" e "escória maldita".
Fonte: TV Globo/Reprodução
No dia 16 de fevereiro de 2019, ano do cinquentenário do Jornal Nacional da TV Globo, a jornalista Maria Júlia Coutinho, a Maju, tornou-se a primeira negra a apresentar o famoso jornal. O principal apresentador do programa, William Bonner, comemorou em seu Twitter: “Enfim, uma notícia pra alegrar todo mundo”, e justificou a escolha: “história de talento, de dedicação, de conquista. História. A equipe e a bancada do JN dão as boas-vindas.”
Fonte: Youtube/Reprodução
Outra jornalista que fez história foi a mineira Valéria Monteiro que se tornou, em 1992, a primeira mulher a apresentar o Jornal Nacional. Além de conseguir penetrar no "Clube do Bolinha" do JN, historicamente comandado por Sérgio Chapelin e Cid Moreira, Valéria também apresentou outros programas, como o Fantástico, Jornal Hoje e o RJTV entre os anos 1980 e 1990.