Artes/cultura
05/05/2021 às 10:07•3 min de leitura
Além de produtor de conteúdo aqui no MegaCurioso, eu sou publicitário de formação e essa talvez seja a profissão que mais goste usar palavras em inglês o tempo todo: os projetos são "jobs", prazo é "deadline", o pedido do cliente é um "briefing" e por aí vai...
A verdade é que os falantes de língua portuguesa, publicitários ou não, sempre foram muito influenciados pela língua inglesa com suas músicas e filmes, além da presença de grandes empresas americanas ou britânicas na nossa economia.
Desse modo, termos como "show" passaram a fazer parte do nosso vocabulário sem qualquer mudança e "deletar" (delete é apagar em inglês) virou um verbo com direito a conjugação: eu deleto, tu deletas, ele deleta... Mas, além dessas, há várias outras palavras que vieram de outros idiomas — não só do inglês — e a gente usa na língua portuguesa, sem nem imaginar de onde elas vieram. Confira 7 exemplos.
Em Portugal, os grandes vagões e locomotivas que andam sobre trilhos são chamados de "comboios". O termo "trem", do português brasileiro, foi influenciado pelas grandes corporações que lideravam nossa indústria ferroviária no século XIX. Trem, em inglês, é train, com a mesma sonoridade.
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Aquilo que passamos nos cabelos, para lavá-los, veio dos Estados Unidos com o nome de shampoo. Até hoje é possível ver rótulos e propagandas que usam a versão original do nome, mas nós temos a versão aportuguesada da palavra, que se escreve com "X".
O curioso é que, em Portugal, o nome mais usado é "champô", com "CH" e "O" no final. Para conhecer mais diferenças entre o português do Brasil e da Terrinha, que vão além do vocabulário, leia essa outra matéria.
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Iídiche é o idioma falado pelos judeus da Europa Central, que mistura alemão, hebraico e línguas eslavas, entre outras influências. Quando prostitutas judias vieram para o Brasil, entre o final do século XIX e o início do XX, e achavam que algum cliente tinha uma doença venérea, elas diziam: "ein krenke". Krank é doente em alemão.
O tempo se encarregou de fazer o cliente doente que poderia causar problemas, "ein krenke", virar "encrenca", termo usado para designar problemas em geral.
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Você talvez já imaginasse que a palavra "chope" vem do alemão, já que os melhores tipos dessa bebida vem da Alemanha. Mas você sabia que, no idioma original, esse termo não tem nada a ver com cerveja? Schoppen é uma unidade de medida, cerca de meio litro — o ideal para uma boa caneca de chope gelado!
A palavra chegou ao Brasil através do francês, quando a corte imperial veio da Europa, no século XIX. Na época, todos os nobres e pessoas chiques falavam francês.
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Falando em chique, a gente acha que o termo em português vem do francês, que é um idioma très chic. Mas antes do vocábulo chegar à língua do biquinho ela se originou no alemão, que usava termos como "schicklich" ou "schickt" para descrever algo bonito ou bem arrumado.
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Dá para perceber que o nome dessa peça, assim como vários outros termos da moda, vieram desse país que é renomado na área: lingerie, maiô (de maillot), pochete, tricô, boné (de bonnet), boutique, bijuteria, batom...
Com o sutiã é a mesma coisa, mas há um porém: soutien, em francês, significa suporte ou apoio. Qualquer apoio é um soutien em francês. Se você dá suporte para um amigo com dificuldades, você está dando soutien.
Mas, então, como a peça íntima é chamada pelos franceses? Bom... Lá é soutien-gorge. Gorge, literalmente, significa garganta, mas também é um eufemismo para designar os seios. Já os falantes de francês no Canadá usam o termo brassière.
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As línguas indígenas (que são mais de 200!) "doaram" muitas palavras que os brasileiros utilizam até hoje. De plantas como abacaxi, caju ou mandioca a nomes de lugares, como Curitiba, até termos para descrever pessoas, como guri, carioca ou caipira.
Esse último vem do tupi, "caaipura", que significa "de dentro do mato". A palavra era usado pelos indígenas de São Paulo para falar sobre os colonizadores. Ele ainda rendeu o batismo da nossa "caipirinha", amada no mundo inteiro.
Fonte: Tudo Gostoso/Reprodução
Além da caipirinha, os gringos também usam várias outras palavras que vieram do nosso idioma, como potato (batata, em inglês), breeze (brisa) ou nome da fruta banana. O caminho contrário, com o português emprestando palavras, também acontece.