Ciência
16/05/2021 às 10:00•2 min de leitura
O período entre fevereiro e julho de 1936 foi extremamente turbulento e sangrento para a Espanha, onde centenas de cidadãos, principalmente os religiosos, as forças civis e todos aqueles responsáveis por manter a ordem no país foram brutalmente assassinados.
José Calvo Sotelo, o líder do Partido Monárquico Espanhol, protagonizou vários debates em que solicitou ao governo que restabelecesse a ordem pública, afirmando que essa tarefa seria assumida pelo Exército se não fosse controlada. Sotelo entrou em confrontos com parlamentares e foi ameaçado por Dolores Ibárruri antes de ser assassinado por agentes da Guarda de Assalto e pistoleiros socialistas na madrugada de 13 de julho de 1936.
Cinco dias depois, a sua morte desencadeou uma revolta militar que deu início à Guerra Civil Espanhola junto com o golpe militar que vinha sendo preparado pelo general Emilio Mola contra o governo da Segunda República.
O ditador e general Francisco Franco, conhecido como "Generalíssimo", ganhou prestígio e apoio de Adolf Hitler e Benito Mussolini depois que assumiu a liderança das tropas sublevadas e venceu a Guerra Civil após 3 anos lavando de sangue o país.
Francis Franco. (Fonte: Britannica/Reprodução)
Franco chegou ao poder em 1939 e, durante 4 anos, ele manteve a Espanha fechada para o mundo exterior, atrasando o progresso econômico e industrial enquanto ele punia os milhares de civis e políticos que lutaram ao lado dos perdedores da guerra (partidários de esquerda).
De acordo com a BBC, foi nessa época que milhares de bebês nascidos em famílias "traidoras" ou "indesejáveis" começaram a desaparecer dos braços de suas mães e dos leitos das maternidades do país. Possivelmente, isso aconteceu devido à ideologia franquista que promovia o domínio da "direta pura" sobre as famílias "inferiores" que faziam parte da "esquerda perdedora". Isso ficou claro nos documentos da época que acusavam que esses pais eram "moral" ou economicamente "deficientes" para criarem seus próprios filhos.
(Fonte: The New York Times/Reprodução)
Sendo assim, o governo do general estabeleceu uma rede de roubos de crianças que conectava maternidades, conventos, igrejas, hospitais e outras instituições para extrair dessas famílias os recém-nascidos. Essas crianças eram adotadas ilegalmente por famílias que não podiam ter filhos, tanto dentro da Espanha quanto fora, mas sempre de modo a beneficiar a "direita vencedora".
Para que o trabalho de sequestro fosse bem feito, havia um cronograma que os pais precisavam seguir para que isso desse certo, como fingir uma gravidez e encomendar toda a papelada forjada com médicos comprados pelo governo. Houve casos também em que as famílias apenas acreditavam que estavam passando por um canal de adoção mais rápido e menos burocrático, principalmente porque até 1987 as adoções na Espanha foram feitas em hospitais e possuía grande influência da Igreja Católica.
Estima-se que mais de 300 mil crianças foram roubadas de seus pais entre 1939 e 1976 pela rede de tráfico de bebês do governo espanhol. E, apesar de 261 famílias que tiveram seus bebês roubados terem erguido esforços para reencontrá-los, apenas algumas delas conseguiram.