Ciência
21/05/2021 às 09:00•2 min de leitura
Em 1962, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DOD) e a Junta de Chefes de Estado-Maior (JCS) criaram a Operação Northwoods, que era uma proposta de operação de bandeira falsa contra o governo cubano. O intuito era que a Agência Central de Inteligência (CIA) e outros agentes do governo dos Estados Unidos cometessem atos de terrorismo contra os próprios militares e civis para colocar a culpa no governo de Fidel Castro, podendo, assim, justificar o início de uma guerra contra Cuba, exatamente com Adolf Hitler fez com a Polônia em 1939.
O Brigadeiro General Edward Lansdale, chefe de operações do Projeto Cuba, elaborou um documento que listava os métodos, incluindo as provocações de bandeira falsa, e planos delineados pelo Exército Americano que ele acreditava que reuniria apoio público e internacional para a intervenção militar dos Estados Unidos em Cuba.
Edward Lansdale. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
O plano descrito na operação envolvia o assassinato de emigrantes cubanos, afundamentos de barcos de refugiados cubanos em alto-mar, sequestro de aviões, explosão de um navio dos Estados Unidos e vários picos de terrorismo dentro das cidades norte-americanas, com vítimas o suficiente para ser considerado uma barbárie nacional.
“Nós poderíamos explodir um navio dos EUA na Baía de Guantánamo e culpar Cuba”, considerou o autor do projeto, como mostra nos arquivos desclassificados divulgados para o público em 30 de abril de 2001 pelo Arquivo de Segurança Nacional. “Listar as vítimas nos jornais causaria uma onda útil de indignação nacional”.
De acordo com o repórter investigativo James Bamford, em seu livro Body of Secrets, o plano foi apresentado ao secretário de defesa do presidente John F. Kennedy, Robert McNamara, em meados de março de 1961. Contudo, ele foi rejeitado pela liderança civil e permaneceu engavetado por mais de 40 anos. O motivo de algo tão periculoso não ter sido destruído, é porque a liderança governamental nunca quis desistir dele.
(Fonte: Liberty Wingspan/Reprodução)
“O objetivo de uma democracia é ter líderes respondendo às vontades do povo, e aqui é o completo inverso disso. Os militares queriam enganar o povo americano para uma guerra que eles tinham vontade de travar, mas que ninguém mais queria”, ressaltou Bamford, em entrevista à ABC News.
Tudo isso porque queriam tirar Fidel Castro do poder em Cuba, que começou a permitir que os comunistas entrassem em seu novo governo, nacionalizando as empresas dos Estados Unidos e melhorando as relações com a União Soviética, o que despertava preocupação dos militares americanos devido à Guerra Fria.
Em 18 de novembro de 1997, o Conselho de Revisão de Registros de Assassinato de John F. Kennedy, desclassificou um total de 1.521 páginas de registros militares secretos que datam de 1962 a 1964. Em 30 de abril de 2001, o documento da Operação Northwoods foi publicado online de forma completa pelo Arquivo de Segurança Nacional.