Artes/cultura
10/06/2021 às 14:00•2 min de leitura
Localizada no extremo sudoeste da península de Lüderitz, no centro da Namíbia, a porção de terra onde está a Ilha do Tubarão foi reivindicada pela Alemanha em 1880 com força total, envenenando poços de água, roubando gado e causando mortes.
Isso acontecia com a maioria das potências europeias, que estavam ávidas por maiores recursos e poder. Abusada física e sexualmente, sem propriedades, endividada e segregada, uma tribo nativa chamada Herero se rebelou contra o domínio colonial alemão em 12 de janeiro de 1904, dando início a uma revolta liderada por Samuel Maharero.
O estopim da revolução dos Herero causou a morte de 100 colonos alemães perto da cidade de Okahandja. Em resposta a isso, um esquadrão de 15 mil soldados germânicos massacrou os herero, sendo que metade deles foram enviados para o campo de concentração na Ilha do Tubarão, erguido a mando do major Theodor Leutwein e inspirado em moldes semelhantes aos desenvolvidos pelas colônias britânicas durante a guerra sul-africana.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Afastada do resto do mundo em um terreno solitário de solo estéril, a "Ilha da Morte", como ficou historicamente conhecida, foi a última parada para muitos dos povos Herero — e também dos Nama, que se juntaram à revolução conforme o poder de fogo dos Herero foi sendo vencido pelas tropas alemãs.
Entre 1904 e 1908, os homens e mulheres tiveram que comer arroz cru e farinha sob o sol cortante da África enquanto trabalhavam sem parar confinados na Ilha do Tubarão. Além de executá-los, os alemães exploraram a mão de obra deles para construir uma ferrovia que ligasse Lüderitz ao assentamento de Aus, no sul do país.
(Fonte: Random Times/Reprodução)
Muitos presos morreram pela fome, mas também pelo clima seco da savana que era inadequado para habitação. Eles tiveram que içar os corpos caídos dos outros prisioneiros e cavar suas sepulturas. A tortura fazia parte da rotina do campo de concentração, sendo que ela acontecia através de chicotes de couro ou tiros aleatórios para desesperá-los.
Estima-se que mais de 3 mil homens e mulheres foram assassinados na Ilha do Tubarão. O campo de extermínio se transformou em um marco notório de genocídio, uma espécie de termômetro para o Holocausto de Adolf Hitler. E isso ficou claro na fala do general Lothar Von Trotha ao se referir à rebelião criada pelos povos Herero e Nama: “Uma guerra humana não pode ser travada contra aqueles que não são humanos”.