Asa Earl Carter: o supremacista branco que 'virou' indígena

18/06/2021 às 08:302 min de leitura

Em 4 de setembro de 1925, nasceu Asa Earl Carter, na cidade de Anniston (Alabama, EUA), que viria a se tornar um dos membros da Ku Klux Kan na década de 1950. Como em qualquer um, foi um processo a construção do pensamento de supremacia branca e todos os tipos de preconceitos ao redor de suas ideologias, começando por uma infância onde ele foi ensinado a ser obcecado pelos seus ancestrais que foram soldados confederados.

Aos 17 anos, ele ingressou na Marinha dos Estados Unidos para servir durante a Segunda Guerra Mundial, apesar de alimentar o pensamento de que travava uma "guerra judaica" contra os nazistas, pois os considerava semelhantes aos seus ancestrais.

Assim que terminou seu serviço em alto-mar, ele cursou Jornalismo em uma faculdade do Colorado, se casou e voltou para sua cidade natal em 1953, bem no ápice da segregação racial em estados do sul do país.

A voz do ódio

(Fonte: NPR/Reprodução)(Fonte: NPR/Reprodução)

O Alabama abraçou a voz racista de Carter em muitos aspectos, principalmente quando ele declarou que a dor dos negros não era nada perto do que os índios nativos viveram. No entanto, o seu anti-semitismo foi demais para as pessoas, causando sua demissão da rádio onde trabalhava e usar professar seus discursos de ódio.

Em 1954, recusando-se a moderar suas falas, Carter deu início a sua unidade paramilitar chamada Ku Klux Klan Original da Confederação, que continha 100 seguidores. Como líder do Conselho de Cidadãos Brancos do Norte do Alabama, ele fez suas seguidores destruírem máquinas jukebox com discos de artistas negros; invadir um show do famoso pianista negro Nat Cole para agredi-lo; espancar ativistas dos Direitos Civis, e torturar negros aleatoriamente. 

Por mais que não tenha estado presente na maioria dos ataques, Carter defendeu a violência dos atos.

(Fonte: Mr. Writer's Page/Reprodução)(Fonte: Mr. Writer's Page/Reprodução)

No início de 1960, Carter voltou-se para a política e se aliou ao futuro governador George Wallace, para quem trabalhou construindo a imagem de um democrata, que ganhou fama por gritar: “Segregação agora! Segregação amanhã! Segregação para sempre! ” em um discurso escrito por ele.

Em 1970, Carter se afastou do político porque, em sua opinião, ele havia "tornado a segregação mais branda", enquanto seus ideias estavam cada vez mais radicais. Frustrado em como a política estava abrindo mão do poderio dos brancos, o homem desapareceu. 

De acordo com Ron Taylor, um de seus amigos, Carter mudou a aparência se bronzeando, perdendo peso e deixando um bigode crescer, além de alterar o nome para Forrest Carter e adotar a profissão de escritor.

A face de fantasias

(Fonte: Xanadu/Reprodução)(Fonte: Xanadu/Reprodução)

Como se isso não bastasse, Carter passou a se apresentar para as pessoas como sendo um índio cherokee, que havia sido criado por seus avós em uma cabana no estado do Tennessee. Em 1975, ele foi ao programa The Today Show e disse para a apresentadora Barbara Walters que sempre tinha sido "o maior contador de histórias de Oklahoma".

No ano seguinte, ele lançou o livro A Educação da Pequena Árvore, narrando a história de um menino que de 8 anos que se vê órfão e passa a viver com seus avós descendentes de nativos americanos da tribo cherokee. Uma vez com eles, o garoto aprende sobre os costumes e valores do povo indígena.

O romance de não ficção teria sido baseado na mais nova vida inventada de Carter, e tornou-se best-seller do The New York Times no final da década de 1980, ganhando até uma adaptação para os cinemas.

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

De acordo com o historiador e biógrafo Dan Carter, Asa Earl Carter reagiu de maneira hostil quando foi pressionado por ele para largar aquele disfarce. “Você não vai querer machucar o velho Forrest, vai?”, respondeu o homem.

Para Dan, era imprescindível que as pessoas soubessem que tudo no livro de Carter era inventado, do contexto baseado em sua vida até as palavras em cherokee, e principalmente que ele foi escrito por um homem racista, antissemita e extremista religioso que não tinha nada de amável como o garotinho em sua obra de devaneios.

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