Artes/cultura
03/07/2021 às 07:00•2 min de leitura
Em 1944, nos estágios finais da Segunda Guerra Mundial, Adolf Hitler orquestrou mais uma de suas operações de bandeira falsa em meio à Batalha de Ardenas, uma contraofensiva alemã na Bélgica.
Seu objetivo era reunir o suficiente de suas tropas para derrubar as linhas de defesa das forças Aliadas, destruindo as pontes ao longo do Rio Mosa, depósitos de munição e combustível no território Aliado, bloqueando estradas com avisos falsos, removendo avisos de campo minado, invertendo placas de trânsito, cortando fios de telefone e estações de rádio para dificultar a comunicação. Tudo o que pudesse sabotar o inimigo, enquanto era repassado ordens falsas às unidades dos Estados Unidos.
Otto Skorzeny. (Fonte: Onedio/Reprodução)
Para isso, ele precisava pegar os britânicos e americanos de surpresa, portanto tornou o plano mais confidencial da época da guerra. Nem mesmo os oficiais alemães sabiam, o que só diminuía ainda mais as chances de dar certo.
Em outubro daquele ano, Hitler contou seu plano apenas para Otto Skorzeny, que era considerado o "típico nazista do mal" e um verdadeiro "cachorro sujo". Era exatamente o que Hitler precisava para manter seu segredo bem guardado.
(Fonte: Alchetron/Reprodução)
Skorzeny treinou pequenos grupos de comandos alemães para serem enviados atrás das linhas Aliadas usando uniforme e veículos americanos. Fazer isso transcendia os limites da guerra convencional e também violava o código da Convenção de Genebra, principalmente quando Skorzeny ordenou que os comandantes dos campos de prisioneiros despissem os americanos no meio do inverno.
O que os dois homens estavam fazendo era considerado um massacre à própria tropa, visto que a convenção declarava que os soldados capturados atrás das linhas inimigas vestindo uniformes inimigos perderiam seus direitos e poderiam ser executados. Porém, Skorzeny estava disposto a tudo para vencer a guerra, e a intitulada Operação Greif era a melhor alternativa deles.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Os soldados passaram por um treinamento pesado, estudando duas horas por dia para aprimorar o inglês, assistindo a filmes e noticiários para entender o sotaque americano, bem como aprender gírias e expressões idiomáticas. Eles foram ensinados a seguir os costumes americanos, como "comer com o garfo após largar a faca" e "bater o cigarro no maço à maneira americana".
No final das contas, dos 2,5 mil homens recrutados por Skorzeny, apenas 400 falavam inglês coloquial e 10 eram fluentes, o que determinou o fracasso dessa parte da operação. Para piorar, os 1,5 mil capacetes americanos e uniformes fornecidos eram britânicos, poloneses ou russos e tinham manchas de sangue ou marcas de prisioneiros de guerra.
(Fonte: Reddit/Reprodução)
Ainda assim, em 16 de dezembro de 1944, Hitler seguiu com o plano. Enquanto os infiltrados instauravam o caos, os 250 mil soldados alemães avançaram contra as tropas Aliadas totalmente desprevenidas, mas a felicidade dos nazistas durou pouco.
No segundo dia, a polícia militar americana interceptou um jipe de soldados disfarçados que não conseguiram sustentar a farsa com seus sotaques americanos fajutos. O veículo foi revistado, e os policiais descobriram armamentos com emblemas de suástica. Sob interrogatório, os homens entregaram a Operação Greif.
(Fonte: AgoraVox/Reprodução)
As tropas Aliadas reagiram com força total e massacraram os nazistas, incluindo os prisioneiros infiltrados que foram fuzilados um a um conforme eram identificados. A operação de Hitler e Skorzeny nunca conseguiu destruir uma ponte, como eles esperavam.
Em janeiro de 1945, após a retirada da 150ª Brigada Panzer, a Batalha das Ardenas teve fim, marcando a derrota avassaladora da última ofensiva da história travada pela Alemanha nazista.