Artes/cultura
11/08/2021 às 12:00•2 min de leitura
Quando, em 1775, alguns colonos se organizaram militarmente para um confronto com a Inglaterra, que declarou Massachusetts em estado de rebelião e enviou tropas a Boston, começavam ali os eventos que culminaram na guerra da independência dos Estados Unidos. O confronto violento derramou o sangue de cerca de 150 mil militares ao longo de mais de 8 anos de duração.
Já na América Espanhola, em 1808, a desestabilização política pós-Napoleão, a insatisfação colonial com a metrópole, as ideias iluministas e outros motivos levaram à independência da América Espanhola. As campanhas de Simón Bolívar e de José de San Martin encontraram tanta resistência que culminaram na fragmentação do território e no enfraquecimento da Espanha como potência mundial.
(Fonte: Ensinar História/Reprodução)
Em outras palavras, já ficou claro que o processo de independência de uma nação pode ser destrutivo em diversos aspectos. No entanto, por que ainda prevalece no imaginário popular dos brasileiros de que aqui foi muito diferente?
Em 1844, o pintor François-René Moreau ressaltou essa ideia em sua emblemática tela A Proclamação da Independência, na qual retratou a separação de Portugal de maneira simples e feliz, sem derramamento de sangue. Mas não foi bem assim.
(Fonte: Instituto Poemênica/Reprodução)
Dom Pedro I não foi o primeiro a tentar a independência. Houve execução e muito sangue quando aconteceu a primeira tentativa durante a Inconfidência Mineira, em 1789, e depois na Conjuração Baiana, de 1798.
No momento em que a corte portuguesa fugiu para o Rio de Janeiro, o Brasil tornou-se a capital de Portugal, e as ordens passaram a partir da colônia para a metrópole, um caso raro na história, e nem todos os brasileiros ficaram satisfeitos com isso.
Por isso, ocorreu a Insurreição de Pernambuco em 1817, com a insatisfação dos impostos estabelecidos no país desde a chegada dos portugueses, deixando os cidadãos mais ricos e influentes de Pernambuco dominarem Recife e implantarem um governo republicano.
(Fonte: Portal E. Cidadania/Reprodução)
À sombra dessa revolta, Dom João VI organizou uma repressão contra os rebeldes em um conflito que durou 75 dias e terminou com a derrota dos pernambucanos após muitas mortes, presos e condenados.
No final das contas, o Brasil não teve uma guerra de independência, mas guerras por todo o território nacional entre os anos de 1822 e 1825, principalmente nas províncias da Bahia, Maranhão e Piauí. Os conflitos durante esse período causaram mais de 3 mil mortes.
Sendo assim, o que aconteceu foi que a pacificidade reinante no sudeste, que era o centro do poder no país e onde também era registrado toda a história, foi a única imagem que prevaleceu no imaginário popular.