Esportes
18/08/2021 às 11:00•4 min de leitura
A história está repleta de mulheres negras brasileiras importantes em diversas áreas. Você sabe, por exemplo, quem foi a primeira a ser eleita para o cargo de deputada federal no Brasil? Não? Então conheça essa e outras personalidades negras brasileiras que marcaram a História do país.
Glória Maria é uma jornalista, repórter e apresentadora de televisão.
Nascida em 1949, no Rio de Janeiro, e formada em Jornalismo, Glória Maria se tornou a primeira jornalista a realizar uma matéria ao vivo, em cores, no Jornal Nacional da rede Globo de televisão, no ano de 1977.
Desde nova, Glória mostrou ter talento nato para o jornalismo. No colégio, vencia todos os concursos de redação e ainda dedicava seu tempo para estudar inglês, francês e latim. Mesmo estudando em escola da rede pública, adentrou para o ensino superior e conquistou seu diploma.
Quando entrou na rede Globo, se destacou entre os jornalistas, então foi chamada para entrevistar grandes nomes, como Michael Jackson e Madonna. Ela também foi requisitada para cobrir grandes reportagens, como a Guerra das Malvinas (1982) e a Copa do Mundo na França (1998).
Seus feitos não param por aí, Glória ainda é conhecida por apresentar programas de peso da emissora de televisão Globo, como o Jornal Nacional, Globo Repórter e Fantástico, programa em que, em 2007, foi a primeira jornalista a realizar a primeira transmissão em HD da televisão brasileira.
Antonieta era filha da lavadeira Catarina de Barros, ex-escravizada.
Nascida no ano de 1901, em Santa Catarina, a educadora Antonieta de Barros foi uma personalidade negra brasileira fundamental para a luta contra o racismo e o machismo na região Sul.
Sua jornada iniciou em 1922, logo após sua formação na Escola Normal Catarinense — instituição que formava professores na época —, quando desenvolveu um curso para alfabetizar a população carente e fundou o jornal A Semana, em que publicava artigos sobre educação e desigualdades de gênero e racial.
Sua contribuição na política iniciou ao mesmo tempo que o voto feminino passou a ser permitido no Brasil. O direito estendido às mulheres foi consolidado na Constituição em 1934, ano em que Antonieta de Barros foi suplente do Partido Liberal Catarinense (PLC).
Como o engenheiro agrônomo Leônidas Coelho de Souza não assumiu o cargo de deputado, Barros atuou como deputada entre os anos de 1935 e 1937, se tornando a primeira deputada negra do Brasil. Além disso, no ano de 1937, a educadora ainda se tornou a primeira mulher a presidir uma sessão da Assembleia Legislativa no Brasil.
Dandara deu fim à sua vida para que não fosse escravizada mais uma vez.
Outra negra brasileira que ficou para a história, Dandara foi companheira de Zumbi dos Palmares — conhecido por ser o último dos líderes do Quilombo dos Palmares, o maior dos quilombos do período colonial. No caso, ela foi líder feminina ao lado de Zumbi.
Ao longo de sua liderança, Dandara participou de muitas decisões políticas e militares dedicadas a colocar fim à escravidão no Brasil.
Sua luta contra os colonizadores europeus se deu até a morte, acredita-se que Dandara tenha se jogado de uma pedreira no fim do século XVII, para que forças militares que tomaram o quilombo não a escravizasse outra vez.
Como docente, Maria dos Reis criou uma escola gratuita mista.
Nascida no Maranhão, Maria Firmina do Reis se tornou a primeira romancista do Brasil. Ela teve um único livro publicado, Úrsula, de 1859. A obra literária brasileira foi considerada pelos críticos locais da época um dos melhores romances a fazer críticas à escravidão.
Pouco se conhece sobre a história de Maria, mas sabe-se que ela era filha de uma escravizada alforriada e de um homem negro, que ela atuou como professora de primário até 1881 — ano em que se aposentou — e que compartilhava seu posicionamento abolicionista em textos publicados nos mais diversos jornais.
Ruth é considera como a primeira negra do teatro brasileiro.
Ruth de Souza nasceu em 1921 e foi criada no interior de Minas Gerais até os 9 anos, após isso, se mudou para o Rio de Janeiro, onde passou a assistir peças de teatro e se interessar pela atuação.
Ingressou oficialmente nesta profissão no ano de 1945, quando estreou no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro com a peça O imperador Jones. A performance da atriz foi tão admirada que a levou a conquistar uma bolsa de estudos da Fundação Rockefeller.
Souza estudou por um ano nos Estados Unidos e a partir disso conquistou vários feitos, como atuar em peças e filmes de Jorge Amado, Anselmo Duarte e Tom Payne.
Payne, inclusive, foi o diretor do filme Sinhá Moça, de 1953, em que Souza interpretava Balbina, personagem que a levou a ser a primeira atriz brasileira indicada em um festival internacional de cinema, o de Veneza.
Carolina foi uma escritora, compositora e poetisa brasileira.
Dentre as pessoas negras importantes no Brasil está também Carolina Maria de Jesus, uma autora nascida em 1914, em Minas Gerais. De família pobre e pais analfabetos, Carolina passou a frequentar a escola a partir dos seus 7 anos, quando aprendeu a ler e escrever.
Quando crescida, mais especificamente em 1937, a escritora resolveu se mudar para São Paulo com seus três filhos para tentar mudar a realidade de vida em que se encontrava.
Em São Paulo, ela trabalhou como catadora de papel e morou na favela do Canindé. Em seus momentos livres, escrevia relatos sobre o seu dia a dia, material que depois viria a ser o livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada.
A obra foi publicada em 1960 e fez da autora uma das maiores referências da literatura brasileira, tendo seu livro traduzido em diversas línguas e vendido em mais de 40 países.