Olho grego: o amuleto 'mágico' contra o mau-olhado

22/08/2021 às 10:002 min de leitura

O mundo está rodeado de superstições, e pessoas de todos os quatro cantos apelam para todo tipo de artifício a fim de adquirirem proteção ou de atraírem energias positivas e boas sensações. Entre esses recursos, um dos mais poderosos e curiosos é o misterioso olho grego, um amuleto milenar que promete combater as forças malignas e exterminar o verdadeiro mau-olhado, geralmente provocado por uma forte carga de inveja.

Conhecido também como “olho turco”, o amuleto é um item circular azul-cobalto que tem a imagem de um olho em seu centro, sendo muito tradicional em bazares de Istambul, Turquia. Nos últimos anos, o olho grego ganhou popularidade ao ser revelado por celebridades internacionais e ter conteúdos em tutoriais postados no YouTube, em que são apresentadas técnicas para fabricá-lo em diversos formatos portáteis.

Mesmo sendo chamado comumente de “olho do mal” (mati, em grego), expressão utilizada para nomear uma poderosa maldição ocular que era antigamente relacionada à transmissão por pessoas de olhos azuis ou verdes (característica considerada rara no Mediterrâneo), o símbolo está destinado a afastar o mau-olhado das pessoas que o carregam, derivando da crença de que alguém que obtém sucesso ou reconhecimento atrai a inveja daqueles que estão ao seu redor.

(Fonte: Pinterest / Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Esses olhos que sempre ficam abertos e vigilantes são citados em textos sagrados como a Bíblia e o Alcorão, e marcam uma forte inserção cultural, com direito a publicações de volumosas obras baseadas em sua história, além de lendas e contos folclóricos. “Quando alguém olha o que é excelente com um olho invejoso, ele enche a atmosfera ao redor de uma qualidade perniciosa e transmite suas próprias exalações envenenadas para quem for mais próximo dele”, cita Heliodoro de Emesa, no livro Aethiopica.

Versões do amuleto

O nazar, nome alternativo para o amuleto, teve várias versões desde o ano 3300 a.C., quando os primeiros ídolos de alabastro — variedade egípcia de calcita estalagmítica — foram fabricados, de acordo com escavações recentes realizadas em Tell Brak, na atual Síria. Desde então, os itens ganharam novas cores e composições com argila acetinada, cobre e cobalto, e acabaram gerando um fascínio em turcos, que viam o azul como uma fonte de conexão entre a Terra e a divindade do céu, Tengri.

(Fonte: Metropolitan Museum of Art / Reprodução)(Fonte: Metropolitan Museum of Art/Reprodução)

Assim, a tradição persistiu por milênios e até hoje é pintada em embarcações para atrair viagens seguras, assim como egípcios e etruscos enfeitavam seus navios para assegurar uma navegação tranquila. Além disso, o olho grego é um valioso presente para crianças turcas, pois segundo as crenças elas são mais suscetíveis à maldição do mau-olhado.

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