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02/09/2021 às 08:00•3 min de leitura
Os trens já eram usados em conflitos há 53 anos quando a guerras mundiais proporcionaram a revolução de táticas de guerrilha e o avanço tecnológico. No final de abril de 1861, poucas semanas após o início da Guerra Civil Americana, a Baldwin Locomotive Works modificou um vagão de passageiros para instalar um obuseiro de 10 quilos em um suporte giratório para poder atirar enquanto o comboio estivesse em movimento, visando se proteger dos ataques das forças do Sul durante o transporte de soldados da União para a frente de batalha.
Conhecido como o primeiro trem armado da história, a composição tinha apenas 1 vagão blindado com placas de caldeira de 1,3 centímetro, pranchas de carvalho de 61 centímetros,e painéis articulados de 1 metro, que eram erguidos para que o obuseiro fosse disparado.
(Fonte: The Engineer/Reprodução)
Os trens armados e blindados foram usados na maioria das guerras do século XIX, incluindo a Guerra Franco-Prussiana, a Guerra dos Bôeres, a Guerra Russo-Japonesa e a Revolução Mexicana. No entanto, em nada se compara o avanço que seu modo de uso atingiu a partir da Primeira Guerra Mundial.
A sede de destruição e conquista dos nazistas os levaram a construir canhões de proporções impressionantes nos trens — ainda que fossem pouco práticos. Um exemplo disso foi o Heavy Gustav, o maior canhão já construído pelo homem e desenvolvido pela gigante alemã Krupp A. G. Esta forneceu todo o tipo de artilharia para o Terceiro Reich, então o canhão tinha 45 metros de comprimento, 12 metros de altura e pesava quase 1,5 mil toneladas.
(Fonte: Silicon Investor/Reprodução)
Apenas o cano do Heavy Gustav tinha 30 metros de comprimento e podia disparar projéteis de 78 centímetros de diâmetro e 3 metros de comprimento, alcançando até 31 quilômetros de distância.
Com seu poder balístico e complexidade, apenas dois Heavy Gustav foram criados, mas nenhum funcionou como deveria. No final das contas, parecia mais que o Alto Comando do Reich visava mais desafiar a própria capacidade de criação do que fazer algo efetivo em guerra.
Até que a Segunda Guerra Mundial e o seu teor tecnológico e logístico estourassem, prevaleceu por várias décadas a percepção de que armas imensas significavam um tipo de artilharia melhor.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Quando a Polônia usou trens armados para perturbar as linhas de invasão nazista durante a Guerra Defensiva da Polônia em 1939, o Terceiro Reich percebeu que era o momento de reintroduzir a tática de guerra em sua força de ataque, sobretudo quando enfrentaram os trens armados na Tchecoslováquia e União Soviética.
Assim como os russos, os alemães julgaram que teria mais efeito colocar os trens armados e blindados como plataformas de defesa aérea e de retaguarda. Ainda que o uso na Alemanha tenha sido em pequeno grau em comparação com a guerra anterior, eles se destacaram por introduzirem projetos de natureza versátil nos trens, como vagões que abrigavam torres de canhões antiaéreos, projetados para carregar e descarregar tanques e vagões que tinham projeção blindada completa.
Os veículos eram gigantes fortificados sobre rodas que podiam atravessar o deserto, a lama e o asfalto sem se preocupar em serem rastreados pelo inimigo. Foi desse modo que os trens foram responsáveis por amadurecer o conflito mecanizado com a liberdade de poderem operar ao lado da infantaria em qualquer lugar do campo de batalha.
(Fonte: Sputnik Images/Reprodução)
Entretanto, a ascensão da capacidade ofensiva aérea significou a derrocada dos trens armados. As aeronaves podiam transportar bombas pesadas e poderosas com poder suficiente para devastar de longe as ferrovias e qualquer linha de frente. Os Aliados visavam à infraestrutura ferroviária como uma forma de desacelerar o movimento militar e danificar a capacidade industrial dos nazistas, que precisaram esconder em túneis suas armas pesadas quando não estavam em uso.
Apesar de os trens armados terem minguado até desaparecer, em questão de logística, o sistema ferroviário permaneceu desempenhando um papel importante na guerra. Ainda que as aeronaves pudessem carregar bombas e soltar mais de 31 mil paraquedistas, como aconteceu no Dia D na Normandia, e carregar centenas de toneladas de suprimentos para o esforço de guerra. Os trens entregaram oleodutos para transportar combustível pelo Canal da Mancha, acabaram com a ocupação alemã na Europa e forneceram armas às tropas.
Assim, os trens determinaram o início e o fim de todas as guerras.