Artes/cultura
19/10/2021 às 12:00•3 min de leitura
A revolta de Stonewall foi uma série de confrontos violentos iniciados na madrugada do dia 28 de junho de 1969, entre os clientes do bar Stonewall Inn e a polícia da cidade de Nova York. Até hoje, o evento é tido como um dos marcos mais importantes na história da luta pelos direitos da comunidade LGBTQIA+.
(Fonte: New York Public Library/Havard.Edu/Reprodução)
Ao contrário do que muitas pessoas podem pensar, os distúrbios e confrontos que caracterizaram a revolta de Stonewall não foram planejados. Tudo aconteceu de maneira inesperada.
A polícia de Nova York tinha por prática habitual perseguir clientes gays dos bares. Os oficiais sabiam que por medo, vergonha e surpresa, eles raramente ofereciam resistência. No entanto, nas primeiras horas do dia 28 de junho de 1969 um roteiro bem diferente começou a ser escrito.
(Fonte: Bettye Lane/Walks of New York/Reprodução)
Naquela noite, oito policiais apareceram para invadir o Stonewall Inn, seguindo a cartilha de sempre. Contudo, o clima mudou de direção. No lugar da obediência de costume, as pessoas no interior do clube reagiram. Enquanto o tumulto se instalava no bar, uma multidão de frequentadores expulsos à força do lugar se reunia do lado de fora.
Quando a polícia começou a colocar gays, prostitutas de rua e travestis nas vans entrou em cena aquela que é considerada a grande responsável por levar a multidão a agir: Stormé DeLarverie, uma lésbica tomada de raiva e indignação que começou a gritar e lutar com os policiais. A multidão, inspirada por sua ferocidade, deixou os insultos de lado e partiu à ação.
A polícia batendo em jovens gays era comum. O que havia de novo era o revidar. (Fonte: Crimethinc/Reprodução)
Outra ativista na luta LGBTQIA+ estava entre as primeiras pessoas a atirar garrafas e copos contra as viaturas, a travesti e drag queen, Marsha P. Johnson. Ela se tornaria uma das principais vozes de Stonewall nos dias seguintes.
Até 1967, manter relações homossexuais era crime na Inglaterra e no País de Gales. Mesmo considerando os avanços de outros países, os EUA mantinham a situação social e legal da comunidade estagnada nos anos 1950.
Confrontos em Stonewall. (Fonte: UFMG/Reprodução)
Havia muito preconceito contra os LGBTs. Além da desaprovação social, eram proibidos de frequentar vários ambientes, viravam alvos frequentes da repressão e violência policial (situação que se intensificava em épocas de eleição).
Em algumas ocupações eram chantageados. Além da perseguição religiosa, políticos criavam leis e projetos para jogar essas pessoas o máximo possível para longe da sociedade considerada “normal”.
E ainda havia as instituições, como a American Psychiatric Association, que consideravam a homossexualidade uma doença psiquiátrica. O que significa que, em alguns casos, quem fosse gay era enviado para hospitais psiquiátricos, incluindo quando a família queria esconder/punir o indivíduo.
Embora a revolta de Stonewall, atualmente, seja vista como a gota-d'água, tudo demorou muito para acontecer. O bar foi o lugar mais improvável para esses confrontos ocorrerem, especialmente considerando que era simples, sem água encanada, banheiros horríveis e de propriedade da máfia.
Basicamente, era um local para chantagem entre criminosos e tráfico de drogas. No entanto, para muitos gays, trans e prostitutas, era o lar. E, diferentemente dos outros bares gays de Nova York, em Stonewall, essas pessoas tinham mais liberdade, por exemplo, os homens podiam dançar juntos.
Não demorou muito para que os confrontos de Stonewall e o próprio lugar se tornassem símbolo de resistência à discriminação. O que aconteceu na madrugada de 28 de junho de 1969 é considerado como um catalisador para o início dos movimentos pelos direitos LGBTQIA+.
(Fonte: Crimethinc/Reprodução)
Muitas organizações surgiram e outras já existentes se juntaram para desafiar e protestar contra a falta de direito civis de trans, gays e lésbicas. A aceitação e o respeito passaram a ser exigidos com raiva e senso de justiça.
(Fonte: Leonard Fink/ The Advocate/Reprodução)
Um ano após os eventos de Stonewall, na mesma data, foi celebrada a primeira parada de orgulho LGBTQIA+ do mundo. O nome era outro, mas a ideia era a mesma que continua viva até hoje. Aliás, o Brasil está no Livro dos Recordes por ter a maior parada do mundo.