Como Cem Anos de Solidão mudou a história da América Latina

13/11/2021 às 06:002 min de leitura

O clássico Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez, redefiniu a literatura desde sua publicação, em 1967, e foi responsável também por impactos na história da América Latina. A obra reúne diversas fontes para contar o surgimento e a evolução da cultura latino-americana e é reconhecida ainda hoje como um retrato do imaginário na região.

Reprodução

A década de 1920 foi conturbada para países como Chile, Colômbia e México, que enfrentavam instabilidades políticas e econômicas. Esse cenário também os levou a mudanças e revoluções bruscas.

Foi a partir daí que o escritor se encantou com os desdobramentos históricos registrados em seu continente de origem, especialmente em Cuba. Outros intelectuais, incluindo Albert Camus, Jean-Paul Sartre, Mario Vargas Llosa e Simone de Beauvoir, também se interessaram pela temática.

Como o livro mudou a América Latina?

De forma simbólica, o livro retrata a identidade e a história da América Latina ao longo de 1 século. Temas importantes são abordados sempre com humor e refinamento, em uma representação que foi de extrema importância para que a região passasse a ser conhecida mundialmente.

A quantidade incalculável de informações e a riqueza em detalhes foram transformadas em mitologia para contar a história e desenvolver uma identidade própria. Na narrativa, a família Buendía é responsável pela simbologia. Os personagens, as gerações e os acontecimentos descritos na ficção remontam ao que aconteceu na realidade.

A partir de Cem Anos de Solidão, a história latino-americana adquiriu outra perspectiva dos desdobramentos que aqui se deram. Fatos como ditaduras, guerras, guerrilhas, repressões, exílios e refugiados, que antes eram vistos sob uma ótica secundária em relação à história europeia, passaram a ser reconhecidos como significativos e legítimos — não só para latinos, mas também para todo o mundo.

Como foi o processo de escrita do livro?

Depois de sair da Colômbia por conta do governo de direita que estava à frente de seu país, Márquez passou por Caracas, Paris e Barcelona, sempre na busca por reconhecimento como romancista. A obra-prima veio, no entanto, quando ele se estabeleceu na Cidade do México com sua esposa e os dois filhos.

Clássico de Gárcia Márquez cria mitologia sobre começo da América Latina e é referência até hoje. (Fonte: Pixabay) Clássico de Gárcia Márquez cria mitologia sobre começo da América Latina e é referência até hoje. (Fonte: Pixabay)

Ele já havia publicado livros que, apesar de terem agradado a crítica, não foram vendidos como se esperava. No momento, Márquez mantinha sua família com um salário de correspondente internacional para jornais e revistas em espanhol.

Na bagagem cultural, o autor trazia as lendas de Aracataca, a cidade cubana onde nasceu, as leituras de William Faulkner, literatura grega e pré-hispânica, além da própria história cubana entre os séculos XVIII e XX. Somadas a elas, havia também sua habilidade nata como contador de histórias e a técnica jornalística desenvolvida ao longo da formação.

Repercussão da obra

Cem Anos de Solidão é considerado um clássico moderno e comparado a obras de Cervantes e Shakespeare. Entre as produções em língua hispânica, é considerada a mais importante, atrás apenas de Dom Quixote, de Miguel de Cervantes.

(Fonte:Shutterstock)Nota de 50 mil pesos colombianos com o rosto de Gabriel Garcia Márquez. (Fonte:Shutterstock)

Sua relevância lhe rendeu um prêmio Nobel em 1982. Na premiação, o escritor fez questão de levantar números e dados que demonstraram a repressão sofrida pelo continente. As borboletas amarelas presentes na trama se tornaram um símbolo utilizado em homenagem ao autor depois de sua morte, em 2014. Gabriel García Márquez também passou a estampar a cédula de 50 mil pesos colombianos em 2014, em memória e homenagem ao autor.

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