Estilo de vida
15/11/2021 às 03:00•2 min de leitura
O marechal Deodoro da Fonseca (1827-1892) é uma das figuras mais emblemáticas da história do Brasil, afinal, foi o primeiro presidente do país e o responsável pela Proclamação da República.
Historicamente, seu governo (de 1889 a 1891) foi dividido em 2 fases: a provisória e a constitucional. Ele teve sua imagem desgastada por causa de várias decisões autoritárias e divergências políticas, mas algo sobre a vida do marechal que é pouco comentado é o fato de que ele era, na realidade, um monarquista.
(Fonte: Wikipedia/Reprodução)
Segundo relatos da época, a mudança de direção do marechal Deodoro aconteceu durante uma reunião com outros 2 personagens importantes da história do Brasil: Quintino Bocaiuva (1836-1912), que foi o 1° ministro das Relações Exteriores da República, e Benjamin Constant (1836-1891), um dos principais articuladores do movimento republicano.
Durante as conversas, Deodoro deixou clara sua insatisfação com as decisões tomadas pelo gabinete ministerial imperial, então comandado pelo Visconde de Ouro Preto. A "gota-d’água" foi a possível redução do poder da Marinha e do Exército por meio da transferência de diversas atribuições à Guarda Nacional, comandada por um civil.
Segundo alguns relatos de testemunhas da reunião, o próprio marechal deixou claro que abandonaria a monarquia dizendo: "eu queria acompanhar o caixão do imperador, que está idoso e a quem respeito muito, mas o velho já não regula bem, portanto, já que não há outro remédio, leve à breca a monarquia — nada mais temos a esperar dela; que venha, pois, a República".
Apesar de curto, o governo do marechal Deodoro da Fonseca não foi fácil. O presidente não se saia muito bem como político. Além disso, suas decisões autoritárias causaram muitos problemas entre ele e os parlamentares. Como se tudo isso já não bastasse, a situação piorou com uma série de nomeações feitas pelo líder da nação.
Deodoro da Fonseca. (Fonte: Wikipedia/Reprodução)
Nesse último cenário, a do Barão de Lucena (1835-1913) para o Ministério do Trabalho foi uma das mais problemáticas. Lucena era popular como monarquista, e os republicanos brasileiros não gostaram muito dessa ideia. No acirramento dos ânimos, os parlamentares tentaram aprovar, em 1891, a chamada Lei de Responsabilidades, que, entre outros pontos, promoveu a redução do poder do presidente.
Novamente, a resposta do marechal à iniciativa dos parlamentares foi mais autoritária ainda: decidiu pelo fechamento e pela dissolução do Congresso. Claro, nem os civis, nem os militares gostaram da atitude.
Um dos pontos altos desse período foi a Armada, composta de várias unidades da Marinha, que ameaçou bombardear o Rio de Janeiro caso o congresso não fosse reaberto e o estado de sítio interrompido. Em 23 de novembro de 1891, com a renúncia de Deodoro, seu vice, Floriano Peixoto (1839-1895), tornou-se o 2° presidente do Brasil.