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25/11/2021 às 04:00•2 min de leitura
Entre os anos 541 e 544 d.C., o Império Bizantino teve que enfrentar uma terrível epidemia. A capital Constantinopla, atual Istambul, perdeu 25% de sua população e o imperador Justiniano estava perto de morrer. O problema de saúde foi batizado de “Praga de Justiniano”, que ficaria posteriormente conhecida por ser o primeiro surto de peste bubônica da história e que voltaria a assolar a Europa séculos depois.
Entretanto, um novo estudo conduzido pela Universidade de Cambridge apresenta uma perspectiva aprofundada sobre o caso. Segundo os pesquisadores, a praga teria atingido a Inglaterra um pouco antes de Constantinopla, chegando aos dois lugares quase que simultaneamente em duas eventuais rotas — possivelmente envolvendo o Oceano Báltico e a Escandinávia.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Na época em que a pandemia passou a se propagar pelo planeta, a Europa estava enfrentando estagnação econômica e miséria. O continente era varrido pela guerra por conta de Justiniano, que tentava restaurar o Império Romano do Ocidente. Segundo cientistas, a peste teria surgido no Egito, passado pelo Oriente Médio e chegado à Constantinopla.
A doença também acabou se espalhando pela Síria, Europa e Ásia. Meio século depois, cerca de 25 a 100 milhões de pessoas teriam morrido vítimas dela. A peste bubônica, mais tarde batizada de Peste Negra, atacava os nódulos linfáticos, localizados em axilas, virilhas e pescoço, formando enormes bolhas de pus e atacando as extremidades do corpo com necrose.
Segundo os pesquisadores, a movimentação exercida pelo Império Bizantino teria facilitado a disseminação da praga pelo continente, mas também afetado as tropas. O exército foi completamente assolado pela doença, inclusive o próprio imperador — que conseguiu sobreviver. A praga também acabou afetando os persas, deixando ambas as trompas vulneráveis às conquistas muçulmanas no século seguinte.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Embora Constantinopla tenha sido um centro de contágio da peste bubônica, o estudo enfatiza que a “Praga de Justiniano” nunca foi de fato um “fenômeno romano”. O documento sugere que a praga possa ter atingido o Mediterrâneo pelo Mar Vermelho, e talvez atingido a Inglaterra pelo Báltico e a Escandinávia, saindo de lá para o restante do continente.
Descobertas genéticas feitas no cemitério anglo-saxão de Edix Hill, em Cambridgeshire, mostram vestígios de DNA de Yersinia pestis em restos de esqueletos medievais. Essa cepa seria a primeira linhagem da bactéria envolvida na pandemia do século VI.
Sarris sugere que essa cepa letal e virulenta da peste bubônica, que posteriormente se desenvolveu para a Praga de Justiniano e, mais tarde, a Peste Negra emergiu na Ásia Central na Idade do Bronze (3300 a 1200 a.C.), antes de evoluir na Antiguidade. Portanto, existe uma forte possibilidade de que as duas variantes da doença tenham tido origem na expansão dos impérios nômades na Eurásia, como no caso dos hunos no século IV e V e dos mongóis no século XIII.