Ciência
12/12/2021 às 12:00•2 min de leitura
O lendário reino de Kush ficava na região nordeste da África, na época chamada de Núbia, logo ao sul do Antigo Egito. Suas principais cidades se estendiam ao longo dos rios Nilo Azul, Nilo Branco e Nilo. Atualmente, a terra ocupada pelo povo de Kush é onde está situado o Sudão.
Reino de Kush. (Fonte: Wikipedia/Reprodução)
Os kushitas reinaram por cerca de 1400 anos. Embora a história dessa nação seja ainda mais antiga, registros históricos apontam que seu apogeu se deu entre 1069 a.C. e 350 d.C., e nesse período o Egito passava por sérios problemas internos beirando ao declínio. Por isso, os Kush não precisavam se preocupar com as invasões egípcias em seu território, já que a terra dos faraós mal conseguia lidar com seus próprios problemas.
Sendo assim, aproveitaram a oportunidade e voltaram sua atenção e esforços para o desenvolvimento das próprias cidades. Um dos exemplos mais prósperos foi a cidade-estado kushite de Napata. Não demorou muito para que Kush crescesse em poder e domínio. Com o declínio da força egípcia, Kush não perdeu tempo e tomou o Egito, fazendo de seus reis os faraós que deram início a 25ª dinastia.
Diferentemente das representações atuais, as principais lideranças do Egito da era Kush eram faraós pretos. (Fonte: Black History/Reprodução).
Com um excelente tato para o poder, os kushitas deram um jeito de solidificar seu domínio em várias frentes, incluindo no aspecto religioso.
As princesas kushitas, por exemplo, não apenas eram importantes para o reinado como chegaram a dominar o cenário político de Tebas, na posição de esposas do deus Amon. O rei kushita, Kashta (750 a.C.), foi o primeiro a ocupar o trono do Egito, nomeando posteriormente sua filha, Amenirdis I, como a primeira esposa de Amon.
A prática foi seguida por vários outros reis kushitas que se mantiveram no poder do Egito até 666 a.C., época em que o país foi invadido por Assurbanípal, o último grande rei da Assíria.
O reino de Kush tinha duas capitais diferentes. A primeira foi Napata, que serviu como a principal capital e centro de poder durante o auge de seu domínio. No entanto, por volta de 590 a.C. ela foi saqueada. Então, os kushitas mudaram a capital do reino para a cidade Meroe.
Meroe ficava um pouco mais ao sul do rio Nilo, o que garantia mais proteção. A cidade também era um importante campo de trabalho em ferro, um dos recursos mais importantes naquela época.
O povo Kushita tinha um modelo de governo e economia bastante desenvolvidos. (Fonte: Kushand Axum/Reprodução)
De acordo com registros, até mesmo o cidadão mais pobre de Meroe, ainda tinha condições melhores que os habitantes de outros lugares da região. Mas em 330 d.C., a cidade também foi saqueada e, dessa vez, os invasores foram os axumitas.
Embora a Meroe tenha conseguido se manter por mais duas décadas, as consequências da incursão dos axumitas tornaram a vida ali insustentável. No entanto, mesmo se a localidade não tivesse sido alvo de uma invasão, seu fim era iminente. Tudo por culpa da exploração sem controle.
Para manter a indústria do ferro era preciso usar enormes quantidades de madeira para fazer o carvão que abastecia os fornos. Com o tempo, a prática acabou com as abundantes florestas que dominavam a região. O esgotamento do solo pelas pastagens de gado e plantios excessivos era outro problema que já impactava significativamente a produção alimentar.
Ou seja, antes mesmo dos axumitas aparecerem, Meroe já estava em declínio e acabaria abandonada de qualquer jeito. Em 350 d.C., quando o último habitante da cidade foi embora, a história do outrora poderoso reino de Kush que conquistou o Egito começou a desaparecer.