Ciência
09/01/2022 às 06:00•2 min de leitura
São raras as vezes que o canibalismo está ligado unicamente à fome. Na maioria dos casos, seja envolvendo fabricantes de remédios na Europa, seja em tribos nativas do Novo Mundo, seja com psicopatas, a "cultura canibal" representa algum sentido mais profundo na vida dos envolvidos.
O que isso quer dizer? Significa que tudo relacionado a essa prática pode ser bastante cruel e perverso. Por isso, listamos cinco coisas que você provavelmente não sabia sobre canibalismo.
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Da Idade Média até o fim da Era Vitoriana, os europeus ficaram conhecidos por engolirem praticamente todas as partes do corpo humano como se fosse um medicamento. Na época, era comum questionar qual tipo de pessoa seria ideal ser consumida para curar certos problemas.
Assim, eles foram os primeiros grandes canibais do planeta, tendo começado com o tráfico de múmias do Egito. Receitas do século XV orientavam as pessoas a preparar a carne humana com pó de mirra e aloe antes de ser macerá-la no vinho.
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Após a Reforma Protestante na Europa, os povos civilizados da época estavam se matando durante as guerras. Em 1590, com Paris (França) sitiada por Henrique de Navarra, um comitê de emergência contra a fome concordou que o pão deveria ser feito com ossos do Cemitério dos Santos Inocentes como uma medida desesperada — e aqueles que consumiram o produto morreram.
A fome era tamanha no continente que o canibalismo acontecia em todas as partes. Na aldeia de Steinhaus (Alemanha) no fim de 1636, uma mulher supostamente atraiu uma menina de 12 anos e um menino de 5 anos para sua casa, matou-os e os devorou com seu vizinho.
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Na década de 1550, o viajante francês Jean de Léry decidiu passar algum tempo entre a tribo de canibais tupinambá no Brasil. Para ele, aquele lugar era mais confortável do que sua terra natal. Ao voltar para a França anos depois, ele presenciou múltiplos ataques e execuções forjadas pela Igreja Católica. Mas não era como se ele fosse um adepto da prática.
Ao viajar para Sancerre, uma comuna francesa devastada pela guerra, deparou-se com a cena de uma família discutindo se deveria comer a filha recém-falecida para matar a fome. Cansado de tanta brutalidade, ele vomitou diante de todos.
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Tribos canibais comiam os rivais como forma de escalada do ódio e da violência. E havia todo um ritual envolvido. Os tupinambás só devoravam um refém após ele ter sido incluído na tribo por pelo menos 1 ano. Nesse meio-tempo, a pessoa já teria obtido uma casa própria e tido até filhos na aldeia, os quais também seriam consumidos ao fim do processo.
Apesar de sofrer dor e exaustão aparentemente além dos limites da resistência humana, a vítima essencialmente cooperaria em todo o processo porque compartilhava certas crenças religiosas básicas com seus algozes, sempre acreditando estar sendo observada pelo deus do Sol.
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Segundo os relatos do escritor francês César Rochefort, tribos indígenas dos países ao redor dos Andes poderiam ser mais cruéis do que um tigre, amarrando as vítimas a um poste e cortando somente os pedaços de carne "mais deliciosos" do corpo.
Isso significa que ninguém era desmembrado. O foco principal eram a panturrilha, as coxas, as nádegas e os braços. Enquanto a pessoa era obrigada a se ver sendo devorada, os membros da tribo se tingiam com o sangue derramado.
Mesmo assim, os participantes do ritual tinham certo nível de crença no processo. Caso o indivíduo conseguisse se manter em silêncio enquanto era devorado, seria abençoado pelos deuses e obteria o respeito de todos os membros do grupo.