Artes/cultura
12/01/2022 às 08:00•3 min de leitura
Os Beatles são uma das maiores bandas de todos os tempos, isso pouca gente duvida. Os Fab Four não foram estanques em sua carreira, tendo transitado por diferentes estilos e sonoridades, sendo influenciados e influenciando a cultura popular.
Uma das iniciativas de maior impacto na vida do quarteto inglês foi o coletivo artístico holandês The Fool. Foram eles os grandes responsáveis pela fase psicodélica dos Beatles.
Beatlemaníacos de carteirinha certamente já ouviram falar nesse coletivo de artistas e designers responsáveis por toda a verve colorida e experimental que impulsionou a estética na arte, na moda e, de maneira geral, na cultura popular.
(Fonte: Canal dos Beatles)
O coletivo iniciou com a dupla de artistas hippies Simon Posthuma e Marijke Koger. Morando entre Madrid e Ibiza, na Espanha, acabaram descobertos pelo fotógrafo Karl Ferris, famoso por ter registrado nomes icônicos do período, como Jimi Hendrix, Cream e outros, em meio a uma comunidade hippie.
As fotos tiradas por Ferris das roupas produzidas pela dupla do The Fool foram parar no jornal britânico The Times e de imediato tornaram a dupla um sucesso. O enorme frisson em cima de Posthuma e Koger fez que eles mudassem para Los Angeles, uma "das mecas" da arte na época. Ao produzir um mural para o musical Hair, o maior do mundo naquele tempo, eles se tornaram gigantescos.
A relação do The Fool com os Beatles surgiu pelo histórico empresário do grupo: o Brian Epstein. Ele havia contratado o coletivo de artistas para desenhar o material de divulgação da banda, os quais já tinham desenhado figurinos para capas de discos de outras bandas inglesas, como o supergrupo Cream.
Acontece que John Lennon e Paul McCartney decidiram visitar o estúdio (apartamento) de Marijke em Londres sem aviso prévio. Como era de se imaginar, a dupla dos Beatles saiu encantada com a dupla do The Fool a ponto, reza a lenda, de servirem de inspiração para a canção “The Fool on the Hill”.
(Fonte: Hypeness)
O The Fool foi, então, contratado para desenhar o figurino das filmagens que a banda faria de “All You Need is Love”, os gráficos do LP Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, rejeitados pela gravadora e que não foram utilizados ao final, e do segmento “I Am the Walrus” do telefilme Magical Mistery Tour.
Localizada na esquina da Baker Street com a Paddington Street, em Londres, a Apple Boutique foi uma loja-conceito dos Beatles que funcionou entre 1967 e 1968. Sua fachada foi pintada pelo coletivo The Fool. Tratava-se de um gigantesco mural multicolorido, que deu novos contornos a uma região anteriormente pálida, sendo precursor do graffiti como fine-art.
Aquela arte lisérgica e cheia de cores causou espanto entre os empresários da região, que logo entraram em atrito com o grupo e o coletivo. Tudo porque o painel ficou tão famoso que se tornou uma atração turística, causando, entre outras coisas, um frequente congestionamento na região. Após 3 semanas de acalorada disputa jurídica, o mural acabou sendo apagado.
(Fonte: Beatles Bible)
Infelizmente, Simon e Marijke tomaram rumos distintos após os anos 1960. O fim do The Fool enquanto coletivo não significou o término da atividade dos artistas, que permaneceram desenvolvendo arte psicodélica, além de terem registrado músicas em 2 álbuns.
O legado do grupo ficou na história da Arte, especialmente da música. Roupas, instrumentos musicais (entre eles um piano e uma guitarra Gibson de John Lennon), o Mini Cooper e inúmeras guitarras de George Harrison, entre outros artigos presentes nos inventários dos músicos dos Beatles, seguem deixando viva a obra da dupla holandesa multicolorida.