Artes/cultura
17/01/2022 às 08:00•2 min de leitura
“Nenhuma pessoa instruída na história da civilização ocidental desde o século III a.C. em diante, acreditou que a Terra era plana”, afirmou o historiador Jeffrey Burton. Mas, provavelmente, ele ainda não sabia sobre a extensão das teorias conspiratórias de negacionistas do século XXI, o mais tecnológico que os humanos já conheceram até então.
Desde 240 a.C., os gregos antigos já flertavam com a possibilidade de uma Terra esférica através dos cálculos feitos por Eratóstenes, se baseando no nascer e no pôr do Sol, bem como nas sombras e outras propriedades físicas do globo.
No entanto, um simples capricho de um escritor foi responsável por acender uma faísca que consumiu a verdade sobre o formato do planeta, colocando até mesmo Cristóvão Colombo no centro de um mito.
Cristóvão Colombo. (Fonte: Wikipedia/Reprodução)
Os teoristas tentam provar que foi a viagem ao Novo Mundo que desfez a ideia na mente de Colombo de que a Terra era plana, quando, na verdade, o explorador jamais teve tal ideia.
Vivendo em uma época em que o pensamento predominante da sociedade era o obscurantismo histórico, Colombo sempre lutou contra a ignorância das pessoas que acreditavam que a Terra era plana.
“Eles acreditavam também que o Oceano Atlântico estava cheio de monstros grandes o suficiente para devorar navios”, escreve Christine Garwood em Flat Earth: The History of an Infamous Idea (2008). “Colombo teve que combater essas crenças tolas para conseguir que os homens navegassem com ele para descobrir territórios. Ele tinha certeza de que a Terra era redonda”.
(Fonte: The Guardian/Reprodução)
O mito dessa ideia atribuída ao navegador surgiu com Washington Irving (1783-1859), quando publicou em 1828 seu livro The Life and Voyages of Christopher Columbus, em que o escritor garante que Colombo fazia até cálculos mirabolantes sobre a Terra ser plana.
Irving teria inventado tudo isso para poder embelezar mais a história sobre a vida e viagens do navegador, após julgar a realidade dos eventos monótona e sem graça demais durante suas pesquisas históricas.
Ele então criou um Colombo heroico, símbolo do Iluminismo, em busca científica para eliminar a “superstição medieval”. Ele chegou até a inventar que o homem saiu navegando pela Espanha em 1492 para tentar provar a sua teoria sobre a Terra plana.
Apesar de nada disso ser verdade, a versão de Irving da história vendia livros, e muitos. No entanto, os danos colaterais dessas invenções se estendem até hoje, enraizadas na cultura americana e até no sistema de ensino.