Estilo de vida
02/02/2022 às 06:30•3 min de leitura
A civilização do Egito Antigo costuma ser lembrada por conta de suas várias descobertas espantosas em áreas como a Medicina, mas os egípcios também tinham, para aquela época, concepções bem avançadas no que diz respeito às ideias sobre o amor, o casamento e o sexo.
Historiadores já constataram que os egípcios dessa época buscavam se informar acerca desses temas. Então, o sexo não era visto como um tabu, mas sim como um elemento básico da vida, tal como comer e dormir. Muito do que se discutia sobre o tema ocorria por meio das artes, como a poesia.
O conhecimento sobre a sexualidade, por exemplo, era bastante explorado — algo que aparece já nas palavras criadas dentro da língua egípcia. Eles tinham vocábulos diferentes para designar o ato sexual, incluindo eufemismos, ou seja, uso de uma linguagem mais agradável para suavizar uma expressão, como dizer “fazer amor” ao invés de “fazer sexo”.
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(Fonte: G1)
Registros da escrita egípcia mostram a diversidade de termos usados nesta civilização para descrever tanto as partes do corpo quanto para fazer insinuações, de cunho poético ou explicito.
Há palavras para descrever, por exemplo, órgãos genitais femininos, como xnmt (útero), iwf (carne), kns (região pubiana) ou k3t (vulva). Um termo como keniw, que designa "abraço", também costumava ser usado de forma metafórica, sugerindo um encontro sexual, como na frase “ela me mostrou a cor do seu abraço”.
Outro elemento interessante identificado por historiadores são os termos afetivos entre os casais, como “meu felino”, “a tão procurada”, entre outros. Por mais que os egípcios falassem bastante sobre sexo, havia a recomendação de que ele fosse praticado dentro do casamento — por isso, eles costumavam se casar bem jovens, por volta dos 16 anos.
(Fonte: G1)
O casamento entre os egípcios ocorria por meio de um evento simples: normalmente a mulher simplesmente se mudava para a casa do homem. O principal foco do casamento era a reprodução, e o casal tinha como principal acordo o compromisso de criar os filhos. Por causa dessa centralidade da prole, era comum que a infertilidade causasse separações.
Curiosamente, alguns casamentos tinham até arranjos para o caso de divórcio, em uma espécie de contrato pré-nupcial. Documentos mostram inclusive a ideia de “casamento temporário”, em que um casal tentaria estar junto por um tempo e se separaria caso a relação não desse certo.
Um texto encontrado dizia: "você estará em minha casa enquanto estiver comigo, como uma esposa a partir de hoje, no primeiro dia do terceiro mês do inverno do décimo sexto ano até o primeiro dia do quarto mês da estação das cheias do ano dezessete”. Esse tipo de casamento temporário ficou conhecido como “um ano de alimentação” e permitia um fim rápido da relação que não gerasse filhos.
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(Fonte: G1)
Os egípcios também buscavam formas para seduzir o cônjuge. Isso envolvia “receitas” para prender o amor, como uma que recomendava aos maridos: “remova a caspa do couro cabeludo de uma pessoa morta que foi assassinada e sete grãos de cevada enterrados na sepultura de uma pessoa morta, esmague-os com dez onças de sementes de maçã. Adicione o sangue de um carrapato de cachorro preto, uma gota de sangue do dedo anular da sua mão esquerda e o seu sêmen. Esmague-o até formar uma massa compacta, coloque-o em um copo de vinho e deixe a mulher beber”. Se as mulheres bebiam essa poção pavorosa, nunca saberemos, mas era "garantia" de sucesso.
E se nada desse certo e os casais quisessem se separar? O divórcio era possível no Egito Antigo por razões diversas. Os motivos mais comuns para encerrar um casamento eram a falta de filhos e o adultério. Pasme: era relativamente simples se divorciar, tanto homens quanto mulheres poderiam requisitar o desquite. Bastava que o homem dissesse "te expulso" ou a mulher falasse "estou indo embora", e os laços estavam desfeitos.