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02/02/2022 às 09:30•2 min de leitura
Em um episódio recente do reality show Big Brother Brasil, o participante Tiago Abravanel deu uma explicação bastante esdrúxula sobre o nome do programa. “Este é um jogo de relacionamento. E não é à toa que o programa se chama Big Brother, quem você escolhe para ser o grande irmão? Quem é esse cara que erra, acerta, se machuca, chora, vive?”, declarou o neto de Silvio Santos.
Abravanel não poderia estar mais equivocado em sua explicação — não por acaso, a internet ficou agitada quando seu comentário circulou. O nome do programa, na verdade, remete-se a um livro que não tem qualquer característica “fraternal” sugerida pelo participante. A obra em questão é 1984, uma obra de ficção científica escrita pelo inglês George Orwell em 1949.
(Fonte: Revista Bula)
1984 é um romance que imagina um futuro distópico (ou seja, pior do que os tempos atuais). Ele descreve uma sociedade no ano de 1984, orientada por um regime totalitário em que o governo domina todos os espaços, sem liberdade a qualquer questionamento por parte da população.
O controle social é feito de diversas formas. Uma delas é a linguagem: o governo impõe o uso de certos termos e a proibição de outros, no intuito de que a população enxergue a realidade de determinada forma. Esse idioma fictício, chamado na obra de novilíngua, opera por meio da ressignificação das palavras, como na famosa frase do livro: “guerra é paz; liberdade é escravidão; ignorância é força”.
Outra forma de controle ocorre pela vigilância. Todos os espaços, públicos e privados, são cheios de telas que, supostamente, são dispositivos pelos quais o governo observa os cidadãos. A obediência, então, ocorre pela ideia de que o líder máximo do governo — um ditador referido apenas como o Grande Irmão — está vendo todos os passos de todas as pessoas. O medo é reforçado por cartazes espalhados pelas ruas que dizem “o Grande Irmão está vendo você”.
Daí surge a ideia do nome do programa Big Brother, que se fundamenta exatamente em uma vigilância constante dos participantes. Não por acaso, um dos “apelidos” dados à casa do BBB é de “a casa mais vigiada do Brasil”.
(Fonte: Movie Assault)
Não foi apenas a franquia Big Brother que se apropriou dessa premissa da vigilância como um aspecto usado para o domínio da população, há outros produtos da ficção que também sofreram influência do livro 1984, de George Orwell.
O filme O Show de Truman, protagonizado por Jim Carrey em 1998, imagina um sujeito que, desde pequeno, vive uma vida totalmente vigiada, sem que ele saiba. Tudo em seu entorno é criado: sua casa, sua rua e até sua cidade são cenários montados, e a vida inteira de Truman é um grande show transmitido na televisão.
Outro produto, também certamente influenciado por George Orwell, é a série de ficção científica Black Mirror, disponível na Netflix. Um episódio específico, chamado "White Bear", transmite o mesmo tipo de terror proposto por 1984, fundamentado nas consequências da vigilância governamental. Nessa história, uma mulher acorda e não se lembra de quem é e, ao sair de casa, começa a se dar conta de que várias pessoas a estão fotografando e filmando, mas ignoram seus pedidos de socorro.