Operação Babylift: a evacuação dramática de órfãos da Guerra do Vietnã

14/02/2022 às 13:002 min de leitura

Apenas caos aconteceu entre aqueles dias 3 e 26 de abril de 1975, e era algo a se esperar do cenário perturbador que foi a Guerra do Vietnã, sobretudo durante a queda da cidade central vietnamita de Da Nang nos minutos finais de março.

Tudo piorou depois que Saigon começou a ser bombardeada, em 3 de abril de 1975, portanto, o então presidente dos Estados Unidos, Gerald Ford, anunciou que aquele era o momento para o governo americano dar início à evacuação dos órfãos da cidade, a princípio, apenas duas mil crianças sul-vietnamitas, para o território americano.

Assim começou a quase catastrófica Operação Babylift.

O desespero de Saigon

(Fonte; Vantage Point/Reprodução)(Fonte; Vantage Point/Reprodução)

A estratégia de Ford foi mobilizar aeronaves de carga do modelo C-5 Galaxy e C-141 Starlifter do Comando de Transportes Aéreo Militar (MAC), operadas pela 62ª Ala de Transportes Aéreos da Força Aérea dos EUA, sob o comando do major General Edward J. Nash — para montar um plano de 30 voos para tentar transportar o máximo de crianças de Saigon.

Tanto a agência de adoção Holt International e algumas organizações de serviço, como a Friend of Children of Vietnam e a Catholic Relief Service, pediram ao governo americano para ajudar na evacuação de seus órfãos espalhados por várias instalações no Vietnã.

“Foi um caos total”, lembrou a enfermeira de 30 anos, Regina Aune, de acordo com uma matéria do The Washington Post.

(Fonte: História Licenciatura/Reprodução)(Fonte: História Licenciatura/Reprodução)

O desespero, segundo a mulher, era algo generalizado, tanto por parte dos trabalhadores quantos das milhares de crianças em pequenos cestos, que eram atados aos bancos dos aviões estacionados na Base Aérea de Tan Son Nhut, em Saigon.

“Você só queria chorar”, disse ela. “Mas tínhamos um trabalho a fazer”. Os bebês gritavam de pura angústia, e esse cenário só piorou ao longo da viagem, pois nada poderia acalmá-los.

A queda

(Fonte: Daily Mail/Reprodução)(Fonte: Daily Mail/Reprodução)

Às 16h de 4 de abril de 1975, o primeiro voo decolou do Aeroporto Tan Son Nhut, apenas semanas antes da queda oficial de Saigon e do fim da guerra. Doze minutos após ganhar os céus, houve uma explosão quando parte da fuselagem inferior do C-5 Galaxy, número de série 68-0218, foi despedaçada. No mesmo momento, a aeronave começou a perder descompressão.

O C-5 fez um pouso forçado em um arrozal, derrapando por 500 metros, antes do piloto conseguir levantar voo e fazer o aparelho colidir em um dique, se quebrando em quatro partes, algumas das quais pegaram fogo. O acidente vitimou fatalmente 138 pessoas, sendo 78 crianças e 36 funcionários do Gabinete de Defesa de Saigon. 

(Fonte: The Washington Post/Reprodução)(Fonte: The Washington Post/Reprodução)

O empresário norte-americano Robert Macauley fretou um Boeing 747 da World Airways, quando soube que levaria mais de uma semana para evacuar os órfãos sobreviventes do acidente devido à falta de aviões de transporte militar. Sua ajuda salvou a vida de mais de 300 crianças naquele dia.

Os voos militares continuaram até que os ataques aéreos de artilharia do Exército norte-vietnamita e outras unidades militares vietcongues no aeroporto de Tan Son Nhut, tornassem a operação algo arriscado e impossível.

A Operação Babylift foi responsável por realocar mais de 2.500 crianças, adotadas por famílias norte-americanas e aliados dos EUA. Apesar dessa ajuda humanitária, todo o processo foi muito controverso porque havia dúvidas se a evacuação era do interesse das crianças, muitas das quais nem eram órfãs.

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