Guerra do Vietnã impulsionou o crescimento do movimento hippie

25/02/2022 às 12:002 min de leitura

Chamar uma pessoa de hippie, hoje, é uma forma depreciativa de se referir a alguém, mas, no início dos anos 1960, os hippies foram parte de um importante movimento de contracultura, isto é, de contestação à cultura dominante. Organizado na cidade de São Francisco, foram influenciados pela cultura beat dos anos 1950.

Sua características adentraram várias espécies de manifestações artísticas, do cinema à literatura, da música à moda, especialmente nos Estados Unidos, mas com reflexos em todo o mundo. O auge do movimento hippie ocorreu durante a Guerra do Vietnã, em meio aos intensos protestos contra o derramamento de sangue no país do Sudeste Asiático.

Guerra do Vietnã deu a juventude de bandeja aos hippies

(Fonte: Stanford Quad)(Fonte: Stanford Quad)

A Guerra do Vietnã foi um martírio para os jovens americanos. A convocação era feita através de sorteios, transmitidos na TV. O pavor de correr o risco de morrer não tardou a fazer com que, desiludidos com os rumos do país, sentissem-se atraídos pelos ideais de "paz e amor" dos hippies.

A partir da indignação do movimento hippie, inúmeras marchas passaram a tomar conta do país, implicando no fortalecimento dos movimentos feministas e de direitos civis aos afro-descendentes.

Tudo parecia uma oportunidade para marcar posição: as roupas coloridas, em contraste ao verde-oliva militar; os cabelos compridos, em contraposição à careca dos soldados; o amor livre, em oposição à morte degenerada. E ainda havia as drogas, utilizadas com o intuito de abrir a mente e permitir que os hippies fossem mais criativos, ao contrário dos militares, vistos apenas como cumpridores de ordens.

Uma geração que pregava o pacifismo

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Uma espécie de evolução da Geração Beat, eram um grupo jovem, sem lideranças. Ouviam folk e rock, optavam pelas roupas mais extravagantes possíveis, em cores vivas, jeans rasgados, calças boca de sino. A técnica tie-dye (amarrar e tingir, em tradução literal) surge nesta época, além do uso das flores no cabelo, para compor um look tipicamente hippie.

Um hippie podia ser identificado como uma pessoa que pregava o amor livre, o respeito à natureza, o pacifismo e uma vida mais simples e desconectada do consumismo. Eram majoritariamente brancos, de classe média e ateus.

Eles ganharam unidade com a revolta e indignação causadas pelas imagens da Guerra do Vietnã, transmitidas diariamente para milhares de lares americanos. Não foram responsáveis por inaugurar movimentos contrários à guerra, mas sua forte posição, ainda que fosse uma política sem política, foi fundamental para que o restante da sociedade também visse no combate que ocorria no Vietnã a origem de muitos problemas americanos.

Fim dos conflitos também foi o fim do movimento hippie

(Fonte: Click Americana/Reprodução)(Fonte: Click Americana/Reprodução)

No decorrer da década de 1970, a imprensa foi, aos poucos, perdendo o interesse naqueles cabeludos de roupa colorida. Com o fim do conflito no Vietnã, em 1973, o interesse pelo movimento praticamente desapareceu.

A morte de muitos dos símbolos dos hippies, como Jimi Hendrix, Jim Morrison e Janis Joplin, também contribuiu para diminuir a força dos ideais por eles defendidos. Não fosse o bastante, a comunidade hippie liderada por Charles Manson ganhou os jornais por ter cometido roubos e assassinatos, desacreditando o movimento.

De todo modo, a influência deles pode ser vista por muito tempo, especialmente na música e na moda, que volta e meia revisitam as expressões características do período, em especial a música psicodélica e as roupas tingidas.

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