Ciência
12/03/2022 às 11:00•2 min de leitura
Refeição tradicional em parques e festivais, o algodão-doce reúne uma incrível técnica culinária e o sabor açucarado para fazer a alegria de inúmeros consumidores. A experiência, que vai muito além do visual, é reflexo de um processamento científico centenário em que a automatização e a criatividade humana ultrapassaram limites para transformar a sacarose em uma mágica nuvem colorida da gastronomia moderna.
Estima-se que as origens do algodão-doce remontem ao século XIX, após o nascimento das primeiras indústrias dedicadas à fabricação de doces. Nessa época, as máquinas especializadas eram semiautomáticas e permitiam a produção em larga escala, facilitando a distribuição de produtos e o acesso pela maior parte da população.
(Fonte: Richard James Mendoza/Getty Images)
Foi então que, no início do século XX, John C. Wharton, um fabricante de doces, e William J. Morrison, um dentista, projetaram uma máquina que combinava calor e força centrífuga para criar um doce incrivelmente transparente. Segundo eles, o equipamento consistia em uma grande panela com um núcleo de aquecimento giratório e base em forma de funil, onde a calda de açúcar era trabalhada.
A grande reviravolta na linha produtiva do doce ocorreu apenas em 1949, quando a adição de uma base de mola garantiu maior eficiência e durabilidade, substituindo o barulhento motor do protótipo. Quase trinta anos depois, a primeira máquina de algodão-doce foi oficialmente patenteada, e o produto passou a ser incluso nos anais das linhas de montagem em larga escala.
(Fonte: Winter_Studios/Getty Images)
O algodão-doce consiste em uma combinação de açúcar (sacarose), corantes regulamentados e aromatizantes artificiais e naturais. Quando essa matéria é despejada no centro de máquinas — que suportam até 1,36 kg de conteúdos, incluindo três cores e sabores diferentes —, as bobinas internas aquecem o açúcar até o ponto de fusão (cerca de 150 graus Celsius) e quebram as ligações das moléculas constituintes.
Em seguida, os átomos de oxigênio e hidrogênio evaporam, deixando apenas o carbono, que passa a ser o protagonista no processo conhecido como caramelização. À medida que a velocidade no recipiente aumenta, pequenos orifícios laterais arremessam os fios de açúcar líquido para gerar consistência, baseando-se em uma força bruta que transforma a sacarose em filamentos de apenas 50 mícrons de diâmetro. Quando todos eles se unem, a "massa" do algodão-doce fica pronta.
Dessa forma, os fios do doce ficam dispostos em uma bandeja aberta — para amenizar as altas temperaturas —, e já podem ser capturados por um palito ou outra ferramenta, visto que mantêm uma forte adesão. Imediatamente, a refeição pode ser servida com as cores e sabores desejados.