Ciência
29/03/2022 às 04:00•2 min de leitura
Em março de 2022, a casa de leilões Christie anunciou que vai colocar em leilão uma das obras mais icônicas da pop art: o famoso retrato da atriz Marilyn Monroe feito pelo artista norte-americano Andy Warhol (1928-1987).
Estima-se que o leilão deve chegar a US$ 200 milhões — o que equivale, na moeda atual, a cerca de R$ 1 bilhão. A obra se tornará a mais valiosa realizada por um artista no século XX.
Para muitos, talvez seja difícil entender como uma fotografia pode chegar a um valor tão alto no mercado da arte. Para explicar isto, é preciso compreender a trajetória de Andy Warhol no campo artístico — e, em especial, na pop art, estilo que ele influenciou profundamente.
(Fonte: B9)
Seria injusto definir Andy Warhol como um artista plástico, pois sua obra transcendeu os limites dos gêneros artísticos: ele atuou como pintor, designer, fotógrafo e cineasta. Ele estudou Design na Universidade Carnegie Mellon, e logo começou a trabalhar como ilustrador.
Seu talento foi logo reconhecido, e ele passou a colaborar com várias revistas famosas, como The New Yorker, Vogue e Harper’s Bazaar. Ao mesmo tempo, Warhol também trabalhava na criação de anúncios para marcas célebres, como Tiffany's e Columbia Records.
Warhol dizia sempre se lembrar do conselho de um professor de arte, que lhe disse que os artistas devem pintar sempre o que gostam, e não para agradar os outros. A partir disto, ele começou a se dedicar a ilustrações de objetos de sua predileção (como sapatos e latas de Coca-Cola) e a desenvolver técnicas particulares para o seu trabalho, como o de aplicar tinta no papel e pintar linhas borradas.
Mas a verdade é que a maior contribuição de Andy Warhol ao mundo foi além do seu trabalho: ele passou a questionar o conceito de arte e a forma como os artistas eram vistos.
(Fonte: CNN Brasil)
O movimento da pop art, surgido na Inglaterra na década de 1950, propunha uma criação de uma estética para as massas, elaborando obras artísticas a partir de produtos da sociedade de consumo capitalista. Assim, questionava que a arte não estava restrita a locais específicos e excludentes, como os museus ou galerias, mas poderia circular em todo lugar.
Andy Warhol começou a se envolver com esse movimento a partir dos anos 1960, quando passou a investir mais em sua carreira como artista plástico. Sua obra se direcionou a uma temática que misturava embalagens famosas, publicidade e celebridades.
Em 1962, ele desenvolveu uma técnica chamada de serigrafia fotográfica, que se tornaria a mais marcante de seu trabalho. Foi a partir daí que criou obras cultuadas até hoje, como os retratos de Elvis Presley, Elizabeth Taylor, e o mais famoso, de Marilyn Monroe, que irá a leilão.
Ao usar a técnica da serigrafia — criada há séculos pelos chineses —, fundamentada no uso da reprodução mecânica, em vez de pincéis, ele queria justamente criticar a frieza da produção de massa típica do século XX.
Sua grande sacada foi ressignificar este tipo de trabalho: normalmente usada para criar coisas descartáveis, a serigrafia foi empregada para produzir uma obra artística marcante, mas sem a "habilidade" manual de um pintor. Algo, por fim, que tinha a cara do seu tempo — assim como todo o trabalho de Andy Warhol, continuamente homenageado mesmo depois de 35 anos de sua morte.