Artes/cultura
04/04/2022 às 13:30•2 min de leitura
Assim que Vladimir Putin marchou com seu exército para dentro do território da Ucrânia, dando início à guerra tanto temida, muito foi falado sobre o poder bélico russo ser infinitamente maior e mais forte do que o ucraniano.
Muitos imaginavam que o conflito acabaria rapidamente com uma tomada súbita e dramática russa, porém não é o que tem acontecido. Segundo o The New York Times, a Rússia já sofreu baixas significativas até agora, entre 10 mil e 15 mil mortes de soldados, em contraste com os 1.232 soldados ucranianos, segundo levantamento recente do Statista.
Essa reviravolta toda fez surgir a imprevisível questão: será que a Ucrânia tem chance de ganhar essa guerra?
(Fonte: BBC/Reprodução)
Steven Horrell, membro sênior do Centro de Análise de Políticas Europeias (CEPA), em entrevista à NPR, disse que a falta de sucesso da Rússia até então se deu antes do início da invasão, e pode ser atribuída a problemas sistêmicos, como corrupção e falta de treinamento adequados.
“Acho que Putin realmente acreditou nas coisas que disse sobre o povo ucraniano recebê-los bem”, disse ele à NPR. “Ele simplesmente não conseguiu entender que as forças armadas ucranianas de 2022 são muito diferentes das forças armadas de 2014, quando anexaram a Crimeia e começaram suas aventuras no leste da Ucrânia”.
Mas durante esse tempo, os soldados ucranianos tiveram treinamento de fogo pesado e reviram e ajustaram suas deficiências, como uma forma de compensar o fato de que são em menor número, muito diferente do que aconteceu com a Rússia, que enfrenta graves problemas de logística.
(Fonte: Al Jazeera/Reprodução)
Isso pôde ser visto em 11 de março, quando o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse que as forças militares da Ucrânia atingiram um ponto de virada estratégico, ainda que as forças de Moscou continuassem seus esforços para cercar Kiev e outras cidades importantes. Ele foi convicto em dizer que é possível que consiga libertar sua terra, ainda que não saiba quando.
E ele tem razão. É por isso que Horrell acredita que os russos certamente vão fracassar, tanto estrategicamente quanto no campo de batalha, ou em ambos, com sorte.
(Fonte: Jornal Opção/Reprodução)
Muito embora Putin siga comprometido em fazer uma campanha de "terra arrasada" na Ucrânia, são os russos que não estão se saindo muito bem, visto que as forças ucranianas os atacaram com sistemas antiaéreos Stinger, tanques, drones Bayraktar TB2 e outras armas e sistemas letais — em sua maioria enviados pelo ocidente.
Devastando cidades com mísseis guiados e hipersônicos, o presidente russo está tentando virar a guerra a seu favor, como fez na Chechênia em 1999, mas não está sendo o suficiente, já que não tem muita vantagem.
(Fonte: Al Jazeera/Reprodução)
É por isso que os russos têm lutado para impedir o fluxo constante de armas e materiais que chegam na Ucrânia, que só tem chance de ganhar essa guerra se os Estados Unidos e outros parceiros ocidentais aumentarem o número e o tipo de artilharia por um período maior. Essa é a única maneira de conter os militares russos no campo de batalha mediante medidas econômicas e diplomáticas.
É essencial também que os Estados Unidos aumentem as sanções econômicas contra a Rússia e continue a isolar politicamente Moscou, porque o pior da guerra ainda pode estar por vir. Os ucranianos precisam estar preparados para ataques contra linhas de suprimentos no oeste do país, maior segmentação da população civil, uso de armas químicas e outros tipos de dispositivos de destruição em massa.
O cenário, seja como for, é imprevisível.