Artes/cultura
06/04/2022 às 11:00•2 min de leitura
O homem conhecido como Henry Pu Yi levou uma das vidas mais "estranhas" do século XX. Tinha apenas 2 anos, em 1908, quando foi coroado como o 11° imperador chinês. Três anos mais tarde, a China foi varrida por uma revolução que transformou a nação em uma república. A abdicação de Henry Pu Yi até foi organizada, mas lhe permitiram manter o título de imperador e ostentá-lo mesmo que não de maneira verdadeira.
Sem dúvidas, o menino não notou que tudo havia mudado. Mas como bem observou Edward Behr, seu biógrafo, o palácio imperial seria a primeira de suas muitas prisões.
Pu Yi. (Fonte: History/ Reprodução)
Visto que Pu Yi tinha apenas 2 anos quando se tornou imperador, era o seu pai quem governava na prática. Era um período crítico para a Dinastia Qing, que já não conseguia exercer muito poder sobre o império e sucumbiu ante um senhor da guerra chamado Yuan Shikai.
Em 1912, com a Revolução Chinesa, os Qing caíram oficialmente. Nessa época, a mãe de Pu Yi assinou um acordo para que a criança não perdesse seu posto de imperador.
Embora a família real e Pu Yi não possuíssem mais nenhum poder, a criança foi autorizada a viver na Cidade Proibida. Yuan Shikai temia que, ao expulsá-lo do palácio, civis chineses se revoltassem.
Pequim e a Cidade Proibida caíram para muitos senhores da guerra nos anos seguintes, mas ainda assim Pu Yi viveu nela até 1924.
Durante toda a 2° Guerra Mundial, Pu Yi permaneceu com o título de imperador. No entanto, não era nada além de um fantoche para o Japão, presente em território chinês durante esse período. Em 1945, com a guerra se definindo contra os japoneses, ele até pensou em fugir para o país vizinho para estar mais protegido. No entanto, com a rendição japonesa, ele acabou renunciando ao título.
Pu Yi já adulto. (Fonte: Wikipedia/Reprodução)
Em uma de suas tentativas de fuga para a Coreia e o Japão, acabou sendo pego pelos soviéticos. Preso, foi parar na Sibéria, onde permaneceu em cativeiro, embora em circunstâncias confortáveis. Ficou sob essas condições até 1950, época em que a China adotou o regime comunista.
De volta à China, Pu Yi tinha plena convicção que seria executado. Contudo, os chineses decidiram mandar o ex-imperador para um centro de administração de criminosos com outros membros de sua família e ex-oficiais. Recebeu o número 981 e se tornou o responsável pela horta da prisão.
Em 1962, Pu Yi casou-se com uma enfermeira que o governo da China lhe recomendou como esposa. Mais tarde, tornou-se público que ela não era uma boa pessoa. Após ser libertado, ele conseguiu um emprego no jardim botânico nacional de Pequim.
(Fonte: John Springer Collection/Getty Images/ Reprodução)
Um trabalho humilde e comum para um homem que já foi chamado de imperador e comandaria cerca de 1/4 da população do planeta se as condições tivessem sido favoráveis.
Muitas vezes, Pu Yi aparecia em fotos, eventos e era apresentado a dignitários estrangeiros apenas como uma curiosidade interessante da história recente da China. Morreu em 1967, aos 61 anos, vítima de um câncer nos rins e próximo da terra e das plantas que tanto amava.