Estilo de vida
30/05/2022 às 12:00•3 min de leitura
A ideia de santidade costuma ser associada à pureza, bondade... É a qualidade de pessoas que doam suas vidas para ajudar aos outros ou que lutam bravamente por ideais nobres — filantropos como Irmã Dulce ou mártires como Joana D'arc e Santa Quitéria, por exemplo.
Contudo, ao longo da história, diversas pessoas que vivem bem longe desses ideias acabaram sendo canonizadas pela Igreja Católica. Seja porque se converteram depois de uma vida longe da santidade ou pelas políticas da época, há muitos exemplos de "santos do pau oco". A seguir, nós contamos cinco dessas histórias.
Estátua de Santa Olga de Kiev
Essa história é tão curiosa que nós já fizemos um post interinho sobre ela, com mais detalhes. Mas como o assunto é santos que viveram longe da santidade, não poderíamos esquecer de Olga de Kiev. Isso porque a santa matou muita, mas muita gente, antes de se converter.
A história começa quando o marido de Olga, líder do Rus de Kiev, foi morto ao cobrar impostos de uma tribo da região — e o assassino lhe propôs casamento. Ela fingiu aceitar o pedido, mas só para iniciar uma sangrenta vingança: enterrou soldados inimigos vivos, incendiou uma casa de banhos cheia de gente e ofereceu um banquete para, depois, matar todos os convidados.
Olga só parou sua vingança quando toda a tribo dos drevlianos, assassinos de seu marido, já estava devastada. Ela se tornou santa quando aceitou um convite do imperador Constantino e, em Constantinopla, conheceu o cristianismo e se converteu. Ela influenciou seu país a fazer o mesmo, sendo venerada na Rússia e Ucrânia.
Estátuas de São Vladimir são comuns na Rússia e Ucrânia
Seguindo a tradição familiar, o neto de Olga, Vladimir, é outro santo que merece entrar nessa lista. Isso porque ele era um pagão fervoroso, que perseguia cristãos, construía estátuas para outros deuses e mantinha centenas de concubinas.
Contudo, a certa altura da vida, Vladimir mandou emissários para estudar qual religião seria a melhor para seu reino e seus súditos. Encantados com as festas religiosas em Constantinopla, os assessores de Vladimir o convenceram a adotar o cristianismo — algo que ele também fez para se casar com uma princesa católica. Depois disso, Vladimir destruiu os templos pagãos e cristianizou seu reino, iniciando o culto à avó. Ele próprio também seria canonizado depois.
Santo Agostinho
Um dos santos mais famosos do catolicismo, Agostinho influencia a doutrina da Igreja há mais de mil anos, desde a publicação de seus textos filosóficos. No mais famoso deles, Confissões, ele mesmo admite ter vivido longe da santidade por muito tempo.
Nascido em uma família nobre e cristã, Agostinho recebeu uma educação exemplar e se tornou professor de retórica. Porém, sendo jovem e rebelde, ele preferiu levar uma vida de prazeres e luxúria, seguindo a filosofia hedonista. A certa altura, ele viveu por 13 anos com uma concubina e teve um filho com ela, para desespero de sua mãe.
Tudo mudou quando Agostinho conheceu a história de Santo Antão, que doou sua fortuna aos pobres e viveu meditando no deserto, passando por infinitas provações. Ele também abriu uma bíblia em passagens de São Paulo, que lhe inspiraram à conversão. Logo em seguida, sua mãe e seu filho morreram, levando Agostinho a seguir o exemplo de Santo Antão — é a partir desse momento que surgem as obras mais famosas do santo.
Estátua de São Genésio
Genésio não matou ninguém, nem vivia na luxúria, mas também merece destaque por sua vida pouco cristã antes da conversão. Na verdade, ele criou uma peça de teatro para tirar sarro dos cristãos — isso porque o imperador romano da época, Deocleciano, odiava cristãos e Genésio queria agradar ao monarca.
Ele estudou bastante o cristianismo para fazer uma boa sátira e incluiu um batismo de mentira no roteiro. Porém, nessa hora da encenação, ele teve uma espécie e revelação e o batismo foi verdadeiro para ele. Genésio acabou se convertendo na frente do imperador — que não curtiu a cena e mandou matar o ator. Por isso, ele é considerado o padroeiro dos artistas.
Obra retratando Santa Pelágia, ainda cortesã
Ao contrário de sua xará, Santa Pelágia Virgem, essa Pelágia era uma cortesã — que, à época, atendia pelo nome de Margarida. Ela estava no auge da beleza e ganhava muito dinheiro com seus serviços.
Mas tudo mudou quando ela ouviu os sermões do bispo Nono e, sensibilizada, pediu o batismo a ele. Reza a lenda que o diabo tentou fazer Margarida voltar aos seus hábitos antigos — o que tornou sua conversão ainda mais forte. Ela resolveu ir para Jerusalém, onde viveu reclusa até o fim da vida. As pessoas que viviam por perto pensavam que Pelágia era um monge sem barba, sem desconfiar que ela um dia tinha sido uma bela cortesã.
Para algumas pessoas, os anos de luxúria e crimes podem tornar a santidade dessas pessoas bem questionável. Para outras, o que importa mesmo é a conversão, ainda que no fim da vida. Independente disso, todos vão concordar que essas histórias são megacuriosas, né?