Ciência
22/06/2022 às 04:00•2 min de leitura
O Harakiri é um dos rituais mais horripilantes conhecidos na cultura oriental. Basicamente, trata-se de uma cerimônia feita para o suicídio de um guerreiro em prol da restituição de sua honra, com a participação de várias pessoas.
Também chamado de Seppuku (que significa "cortar o ventre"), o Harakiri envolvia a realização de diversos procedimentos, como banhos purificantes, escritura de poemas e a presença de testemunhas para os momentos finais. Mas o objetivo central, como a palavra Harakiri (versão mais coloquial de Seppuku, que quer dizer "cortar a barriga") deixa claro, é a estripação da pessoa: a perfuração do abdômen com uma espada. Ou seja, sua função era encerrar a vida de um guerreiro que preferia a morte do que viver em desgraça.
(Fonte: Roger Ebert)
O ritual do Harakiri fazia parte da tradição dos samurais, os grandes guerreiros do Japão do passado. No período feudal japonês, compreendido entre os séculos XII e XIX, os proprietários de terra (chamados de daimiôs) costumavam ter exércitos com samurais que, quando ocorria a ausência de seu mestre, por vezes preferiam morrer.
Assim, o Harakiri era, além de uma forma de preservar a dignidade, também uma demonstração de lealdade ao chefe. Mas não ocorria apenas para demonstrar fidelidade: muitos guerreiros preferiam realizá-lo do que correr o risco de serem capturados e torturados pelos inimigos.
Por conta disso, o Harakiri poderia acontecer em vários locais: tanto em um campo de batalha, para evitar cair nas mãos dos rivais, quanto em lugares mais reservados e, por consequência, cercado de rituais.
(Fonte: Aventuras na História)
É importante recordar que o Harakiri faz parte dos valores da cultura japonesa, que leva a questão da honra muito a sério. A ideia da vergonha e da indignidade é amplamente difundida na cultura nipônica desde os tempos mais remotos. Por isso, os guerreiros preferiam uma saída honrosa de combates do que serem mortos pelo exército inimigo.
Este era um ritual reservado apenas aos homens — mulheres que se matassem estariam enquadradas na concepção mais comum de suicídio. Durante a execução da cerimônia, o samurai usava uma espada curta ou um punhal para cravar no próprio abdômen.
Em seguida, um auxiliar, que era chamado de kaishakunin, aparecia para finalizar o ritual: ele decapitava o guerreiro ferido com uma katana, que é uma tradicional espada japonesa. Tratava-se de um guerreiro especializado no corte de precisão, que fazia isso como um ato de misericórdia, para não prolongar a agonia do suicida.
Mas o Harakiri ia além da morte em si. Havia uma série de procedimentos anteriores, que poderiam envolver um banho, o uso de um elegante quimono branco e o consumo de uma última refeição. O suicida podia também beber um pouco de saquê. Após tudo isso, o samurai era colocado de joelhos sobre um pano e recitava um poema sobre a morte.
Na sequência, o guerreiro abria o quimono até a cintura e afundava a adaga no peito. O ideal é que ele cravasse do lado esquerdo para o direito, mas havia as versões mais dolorosas, em que o suicida fazia vários cortes no abdômen, expondo aos poucos suas vísceras. Neste caso, a morte era demorada e costumava ocorrer pela hemorragia.
Relativamente comum no tempo feudal, a prática foi abolida em 1873. Isso não significou, claro, sua imediata extinção, já que muitos guerreiros seguiram realizando o ritual voluntariamente, como uma forma de se despedir dignamente desta vida.