Ciência
16/10/2022 às 08:00•3 min de leitura
Criatura que surgiu do folclore há milênios, os vampiros fazem parte, hoje, da cultura e do imaginário popular. Grande parte desse feito é responsabilidade da literatura, dos quadrinhos e do cinema, que perpetuaram, inclusive, a imagem que temos a respeito desses seres folclóricos. Originalmente, eram criaturas mortas-vivas que visitavam seus entes queridos, causando mortes e estragos nas regiões que habitavam quando vivos.
O termo vampiro seria popularizado inicialmente após relatos de uma histeria coletiva no século XVIII, que teria supostamente partido de uma crença popular existente na região dos Balcãs e Europa Oriental, especialmente na Albânia e na Romênia. Agora, pegue alho, crucifixo e proteja o pescoço, vamos mostrar curiosidades sobre eles que você desconhece!
(Fonte: Wikimedia Commons)
Tudo o que conhecemos sobre os vampiros devemos ao autor irlandês Bram Stoker. No museu Rosenbach, na Filadélfia, Estados Unidos, conhecido por abrigar uma extensa coleção de livros antigos, reside uma coleção de anotações feitas pelo autor de Drácula (1897), em que ele desenvolve o perfil do folclórico ser.
Foram sete anos rascunhando as regras do vampirismo como são conhecidas hoje. Em seu conjunto de notas, ele estabeleceu o que seria um vampiro, como alguém se tornaria um, quais seriam seus poderes e suas fraquezas. Claro que a literatura é viva e outros autores lapidaram esse trabalho – afinal, os vampiros de Stoker não brilhavam no sol, como em Crepúsculo (2008).
(Fonte: Wikimedia Commons)
Na história da literatura, erros de tradução não são tão raros assim, principalmente em traduções mais antigas. Um destes casos envolve o universo dos vampiros na tradução para o inglês de um conto indiano, originalmente escrito em sânscrito no século XIX pelo explorador britânico Richard Burton.
O inglês, também responsável pelas primeiras traduções do Kama Sutra e de As Mil e Uma Noites, pegou Vikram-Betaal e levou ao seu idioma, desrespeitando a obra original e dando uma versão adaptada dos contos. Na literatura indiana, Vikram seria uma espécie de espírito macabro que assombraria cemitérios, pendurado de cabeça para baixo em árvores.
A versão de Burton para a obra indiana do século XI transformou o "espírito" em "vampiro". Como dizem, o resto é história.
(Fonte: Wikimedia Commons)
No início do século XX, o interesse por vampiros arrefeceu. No entanto, na década de 1970, a TV e o cinema produziram uma série de filmes e séries em que Drácula era o protagonista. Esse movimento reascendeu o interesse popular na criatura. Foi então que comerciantes de antiguidades viram uma oportunidade.
Caixas de madeira usadas, cheias de armas manchadas em kits do Royal Armouries, começaram a ser vendidos como reais por preços escandalosos. A Royal Armouries é uma coleção nacional de armas e armaduras do Reino Unido, tendo se tornado museu no século XV – hoje em dia o mais antigo do país.
Obviamente, historiadores desmascararam os golpistas, resta saber se por não serem armas autênticas, ou por não existirem vampiros.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Se o trabalho de Bram Stoker foi fundamental no estabelecimento das diretrizes dos vampiros, também é importante recordar que o conceito por trás da criatura tem origens ligadas a doenças. O primeiro material que se tem conhecimento a tratar de vampiros foi escrito em russo antigo, no ano de 1047.
Como outros seres, os vampiros representavam uma série de problemas, especialmente doenças. Estes documentos mostram essa interpretação. Atualmente, existem várias teorias em estudos sérios que mostram as conexões, surgidas como explicação para uma época em que o conhecimento sobre vírus e bactérias era limitado.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Existem determinadas áreas do conhecimento que parecem ter predileção por alguns tópicos. É o caso da matemática e dos vampiros. Pode parecer piada, mas há um número surpreendente de estudos acadêmicos que se debruçaram, por exemplo, em analisar a possibilidade de coexistência entre humanos e vampiros.
De acordo com os pesquisadores Wadim Strielkowski, Evgeny Lisin e Emily Welkins, responsáveis pelo artigo publicado na Applied Mathematical Sciences, em 2013, no momento em que descobríssemos a existência de vampiros entre nós e eles decidissem nos atacar, 80% da população humana seria dizimada em apenas 165 dias.
Fica a questão: é menos pior um apocalipse zumbi ou vampiresco?