Artes/cultura
25/11/2022 às 06:30•2 min de leitura
A Pombajira (também escrito como Pombagira ou Pomba-gira) é uma entidade espiritual que está presente nos cultos da Umbanda e do Candomblé. Ela faz parte da linha dos Exus, que, dentro das religiões afro-brasileiras, são os mensageiros dos Orixás e representam pessoas que um dia já viveram na terra.
A Pombajira, portanto, é um Exu do gênero feminino e costuma se apresentar como uma mulher sensual e independente, que se propõe a fazer trabalhos espirituais aos humanos que são devotos a ela — que vão desde dar conselhos até a fazer serviços para recuperar um amor perdido.
(Fonte: Elo7)
Tal como os outros Exus, a Pombajira não é um Orixá — ou seja, uma divindade iorubá que representa as forças na natureza. Sua figura remete ao início do século XX, simbolizando uma mulher que não se submete ao recato e à submissão impostos pela sociedade patriarcal e machista.
Por isso, muitas vezes entende-se que ela é uma prostituta — o que, na verdade acaba refletindo a má compreensão e o preconceito com as religiões afro. Na verdade, a Pombajira não é apenas uma, mas diversas mulheres que já estiveram na Terra. Pode ser que elas tenham sido prostitutas, rainhas, condessas, marquesas ou simplesmente mulheres comuns trabalhadoras. Vale lembrar que há mais de 300 egrégoras com várias Pombajiras dentro da Umbanda.
De modo geral, a cultura afro-brasileira entende que a Pombajira é capaz de agir em prol das uniões amorosas e sexuais. Ela também auxilia seus devotos a se protegerem contra seus inimigos.
Quem cultua a Pombajira costuma ofertar presentes a ela nos terreiros de Umbanda. Dentre os itens que ela mais gosta estão perfumes, joias, bebidas alcoólicas, cigarros, doces e rosas vermelhas. Normalmente, estas oferendas carregam as cores vermelha e preta — que também estão nas roupas das médiuns que a incorporam. Entende-se que só as mulheres conseguem receber a Pombajira.
(Fonte: Definição.net)
Dentro dos elementos das religiões afro-brasileiras, como a Umbanda e o Candomblé, a Pombajira está associada aos prazeres mundanos, como os carnais. Vale lembrar que estas religiões não são centradas em uma visão maniqueísta e conservadora do mundo e da vida.
Por conta disso, há muitas análises que associam o culto à Pombajira como um reconhecimento à liberdade das mulheres. Por isso, compreende-se que as devotas a esta entidade tendem a celebrar a sua autonomia e sua ancestralidade.
É isto que explica a Cigana Kélida, que atua como taróloga. "Quando as cultuamos, estamos resgatando nossas ancestrais femininas, que em sua maioria foram julgadas e mortas por simplesmente serem mulheres. O culto à Pombajira é o resgate do mais sagrado feminino que existe, mesmo em tempos modernos. Cultuá-las significa honrar nossa história e a alma feminina que habita em cada um de nós", declarou em entrevista ao portal UOL.