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15/12/2022 às 13:00•3 min de leitura
Após a retirada controversa e turbulenta das tropas britânicas de Dunquerque em 1940, o então primeiro-ministro Winston Churchill prometeu à França que faria sua parte em um contra-ataque coordenado contra o poderio alemão. Após a Conferência de Teerã, o primeiro dos acordos firmados pelas grandes potências durante a Segunda Guerra Mundial, em conjunto com Franklin Roosevelt, ele deu início aos preparativos para a Operação Overlord, no final de 1943.
No Dia D, em 6 de junho de 1944, os Aliados desembarcaram cerca de 73 mil soldados americanos e 83 mil britânicos e canadenses na Normandia, no norte da França ocupada pela Alemanha nazista de Adolf Hitler.
Nem todo o tempo que os Aliados tiveram para construir a missão pôde prepará-los para a realidade brutal que a retomada da Europa continental significaria para as tropas, e como lidaria com os corpos do Dia D.
(Fonte: The Washington Post/Reprodução)
A operação anfíbia foi realizada durante o verão, e os 160 mil soldados pousaram em cinco praias ao longo da costa da Normandia, enquanto as demais unidades eram aerotransportadas para outras regiões da França.
Apesar do sucesso e surpresa do Dia D, a resistência alemã foi brutal, tendo que fazer os soldados se esforçarem para vencê-los e também às adversidades do mau tempo. O Comandante Supremo Aliado, General Dwight D. Eisenhower, foi aconselhado a esperar que a maioria dos soldados morresse na tentativa de invasão, enquanto os paraquedistas previram uma taxa de mortalidade de 75%.
Estima-se que nas primeiras 24 horas da invasão, cerca de 4.500 mortes aconteceram, com baixas piores e maiores na praia de Omaha, com cerca de 2 mil soldados americanos, em comparação com as 9 mil baixas das forças alemãs. Esses, no entanto, são números apenas aproximados porque é impossível obter a quantidade exata de mortes. Para piorar, os soldados desaparecidos foram declarados mortos um ano após terem desaparecido, aumentando a confusão nos registros.
(Fonte: Buzzfeed/Reprodução)
Até havia um grupo de soldados planejados para lidar com os mortos no campo de batalha, cavar sepulturas ou marcá-las, porém ninguém esperava que fizessem isso sob o fogo cruzado. Portanto, o melhor que puderam fazer foi proteger os restos mortais com um cobertor ou lençol e seguir em frente, enquanto as tropas sobreviventes ocupavam suas posições ao longo da costa.
A foto do segundo-tenente Walter Sidlowski ajoelhado ao lado do corpo coberto de um companheiro de guerra na praia de Omaha, com restos mortais ao fundo, é um exemplo de como a guerra lidou com os cadáveres. A famosa imagem foi capturada um dia depois da morte, mas até quase uma semana depois ainda havia corpos cobertos em estado de decomposição.
(Fonte: History/Reprodução)
Ainda que a questão moral de deixar cadáveres espalhados pelas praias da Normandia fosse tão inaceitável quanto por motivos de higiene, os soldados não tinham tempo para estabelecer um cemitério formal para todos os mortos. A única saída, portanto, foram túmulos temporários, em sua maioria confeccionados pelo sargento Elbert E. Legg. Usando o que tinha a mão, como caixas de madeira no lugar de lápides, ele e alguns colegas enrolaram os cadáveres com pedaços de tecido dos paraquedas para servir como mortalha.
O trabalho esforçado e rápido não acompanhou o clima de junho, tampouco o estado acelerado de decomposição dos cadáveres. Ainda assim, os militares continuaram seu trabalho e conseguiram criar 8 cemitérios na região até 10 de junho. Um mês após o Dia D, esses locais continham os restos mortais de mais de 30 mil combatentes.
(Fonte: WITF/Reprodução)
Já a tarefa de identificar todos os enterrados ficou a cargo do Serviço de Registro de Túmulos, que convocou membros de várias empresas de registro tumular para trabalhar na linha de frente devido à quantidade de marcações que deveriam ser feitas. Alguns soldados alemães cativos foram colocados no serviço como coveiros para os cemitérios temporários, mas civis locais também foram recrutados ou se voluntariaram para a tarefa; desempenhando um papel significativo na empreitada de colocar para descansar o crescente número de corpos em um local permanente ou temporário.
A quantidade de serviço foi igual ou maior que o trauma em ter que lidar com tantos cadáveres, resultado dos fins violentos da guerra, causou naquelas pessoas. Pior que isso, apenas a tarefa de reportar as mortes aos familiares ou o status de desaparecido – uma realidade mais frequente ainda.