Eldorado: o tesouro de Outer Banks existe de verdade?

A terceira temporada de Outer Banks acabou de chegar e traz um novo mistério que promete deixar os fãs grudados na tela. Alerta de spoiler: os protagonistas vêm para a América do Sul em busca da lendária cidade de Eldorado — também chamada de El Dorado — que seria feita inteiramente de ouro.

O nome não é novo: já apareceu em livros, músicas, num clássico poema de Edgar Allan Poe e até numa animação da DreamWorks, de 2000, chamada O Caminho Para El Dorado. Isso levou muita gente a se perguntar se o tal lugar realmente existe. 

A resposta mais simples para a pergunta é: não. A cidade feita inteiramente de ouro nunca foi encontrada. Mas sua história — quer dizer, a história de sua busca — é muito verdadeira. 

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Os primeiros relatos sobre El Dorado

Na série, os jovens descobrem vestígios de ouro, que teriam vindo da cidade — e as inúmeras fatalidades que aconteceram na busca por ela seriam fruto de uma maldição indígena.

Na vida real, o interesse por Eldorado começou ainda no século XVI, pouco tempo depois da chegada dos europeus na América do Sul. Os espanhóis encontraram muitos nativos com ouro e joias, presumindo que uma fonte de riquezas gigante existia no interior do continente. Então, quando ouviram lendas sobre um ritual envolvendo o metal, ficaram bem curiosos.

Uma das lendas dizia que um povo coroava seu rei cobrindo-o inteiramente de pó de ouro, da cabeça aos pés. Ele seria "El Dorado" — O Dourado. Coberto de ouro e joias, ele navegava até o centro do Lago Guatavita, jogando mais pedras preciosas na água e pulando no lago. Porém, esse ritual teria parado de acontecer quando a tribo foi derrotada por outra, décadas antes da chegada dos espanhóis ao continente. 

Outras histórias dizem que o festival do ouro no lago era anual. Também há relatos de uma cidade na parte leste dos Andes que seria toda coberta de ouro — nessa versão, a cidade que seria "El Dorado". 

Representação do festival lendário do lago Guatavita (Fonte: Wikimedia Commons)

A busca incessante por Eldorado

Independentemente disso, os espanhóis começaram a fazer de tudo para encontrar essa quantidade absurda de ouro. Diego de Ordaz foi um dos primeiros: ainda no século XVI, ele navegou pelo Rio Orinoco (entre a Colômbia e a Venezuela), mas morreu na viagem de volta. 

Algum tempo depois, o governador de Quito, Gonzales Pizarro, levou centenas de homens floresta adentro. Ele esperava encontrar a grande cidade facilmente — afinal, quem não veria tanto ouro à distância? Mas ele ficou um ano explorando, torturando os nativos em busca das coordenadas de Eldorado, mas sem encontrar nada. Um de seus homens, Francisco de Orellana, prometeu buscar ajuda pelas águas — mas nisso, descobriu o Rio Amazonas, navegou por ele e nunca mais voltou.

Mas não foram só os espanhóis que ficaram malucos por Eldorado. Holandeses, alemães e vários outros países organizaram expedições. Uma missão britânica, por exemplo, terminou quando o filho do organizador morreu em confronto com os espanhóis. Walter Raleigh, então, acusou um sobrevivente de deixar seu filho morrer — e o acusado cometeu suicídio. Raleigh voltou para o Reino Unido furioso, mas foi decapitado por desobedecer ordens de não entrar em confronto com os espanhóis. Uma missão muito produtiva, não?

Um mito com fundo de verdade

Tanta gente falhou na busca por Eldorado que a cidade de ouro foi considerada um mito já no século XVIII. Mas em anos recentes, novas descobertas demonstraram que a história pode, sim, ter um fundinho de verdade.

Objetos de ouro foram realmente encontrados no Lago Guatavita — que hoje fica na região de Bogotá, capital da Colômbia. Talvez tenham realmente existido rituais envolvendo ouro e joias nas tribos nativas da América do Sul. Não do tamanho que os espanhóis esperavam, mas com ouro e joias, como contavam as histórias. 

Ainda não se sabe se os objetos encontrados no Lago Guatavita têm relação direta com essas lendas que geram fascínio há tanto tempo. Mas novas pesquisas estão sendo realizadas para compreender melhor a história.