Estilo de vida
21/04/2023 às 08:00•3 min de leitura
Em 20 de maio de 2018, o Daily Express divulgou um número chocante: cerca de 1,9 bilhão de pessoas ao redor do mundo assistiram ao casamento real do príncipe Harry e Meghan Markle, que havia acontecido no dia anterior, na emblemática Capela de São Jorge, no Castelo de Windsor, Inglaterra. Além disso, uma plateia de 100 mil pessoas viu o casal desfilar em uma procissão por Windsor em um Ascot Landau após o “sim” na capela, em frente a 2.640 pessoas convidadas.
Em uma matéria para a revista Time, o Dr. Frank Farley, professor e psicólogo da Temple University e ex-presidente da Associação Americana de Psicologia, explicou o motivo de as pessoas serem obcecadas pela realeza: "Nós somos animais sociais. Com figuras famosas na mídia, pessoas sobre as quais aprendemos, celebridades etc., muitas vezes vivemos algumas de nossas vidas através delas".
(Fonte: Decan Herald/Reprodução)
Segundo Donna Rockwell, psicóloga clínica especializada na área de celebridades e fama, é reconfortante para uma pessoa ver uma estrutura que parece criar uma aparência de ordem. “Então, da mesma forma, eu acho que quando um adulto está sentindo uma sensação de caos interior, é reconfortante, mesmo neurologicamente falando, conseguir observar algo que tenha uma estrutura. Vemos isso e nos sentimos confortáveis”, respondeu ela à Glamour.
Contudo, apesar de as pessoas terem uma gama de entretenimento envolvendo a realeza, descrevendo os conflitos e tramoias por trás de uma fachada de ordem, requinte e tradição, poucas sabem como surgiram as monarquias.
(Fonte: Ensinar História/Reprodução)
Antes de saber como surgiu a monarquia, é importante entender seu conceito. Nele, o poder executivo está nas mãos de um único indivíduo e é passado de geração em geração de maneira hereditária. Esse sistema de poder se opõe diretamente à democracia, que significa "governo do povo", no qual leis, políticas, líderes e grandes empreendimentos estatais são definidos direta ou indiretamente pelos cidadãos.
As raízes da monarquia remetem ao período Neolítico, por volta de 9 mil anos a.C., perto do antigo Oriente Próximo, quando as pessoas passaram a cultivar plantações, criar gado e viver em vilas e cidades, em vez de vagar livremente como caçadores-coletores.
Para alguns estudiosos, naquela época as sociedades neolíticas europeias eram matriarcais, e o patriarcado, ou seja, uma sociedade dominada por homens, só surgiu depois que as comunidades se tornaram mais ricas.
(Fonte: Egypt Today/Reprodução)
A injustiça e os problemas que apresentam uma estrutura de poder monárquica já apareciam na Epopeia de Gilgamesh, uma antiga história suméria de 2750 a.C., mostrando que os primeiros monarcas nem sempre eram justos. Na história, o rei Gilgamesh, parte homem e parte deus, foi tão tirano com seu povo que eles imploraram ajuda aos deuses.
Juntando-se a essa história, a monarquia egípcia é configurada como uma das primeiras que conhecemos, começando por volta de 3000 a.C., e governando até que o Egito fosse absorvido pelo Império Romano. O termo faraó, que significa "grande casa", surgiu no período do Império Antigo para se referir a um título real, entrando em uso no início do primeiro milênio a.C., encontrado em inscrições monumentais até o reinado de Sheshong III.
(Fonte: World History Encyclopedia/Reprodução)
O fim do Império Romano trouxe as invasões bárbaras na Europa que, em troca de proteção, forçou as pessoas a abandonarem as cidades e fazerem um êxodo em massa para o campo. Foi então que se ergueu a estrutura do feudalismo, responsável por ser a base da monarquia moderna, em que a sociedade era dividida em estamentos, com pouca (ou quase nenhuma) possibilidade de ascensão social. Assim, só existia o clero, a nobreza e os vassalos.
Ao longo dos mil anos que durou o feudalismo, uma série de elaboradas tradições e rituais cresceu em torno a esse sistema. E se você está se perguntando por que as monarquias são encontradas principalmente na Europa, sobretudo as mais famosas, foi porque o continente era o único lugar que tinha um sistema verdadeiramente feudal. Os xogunatos no Japão foram semelhantes ao feudalismo, e é por isso que a nação tem um sistema imperial com características semelhantes às monarquias europeias.
O poder real começou a declinar a partir do século XVII, quando o republicanismo começou a suplantar a monarquia tradicional em toda a Europa. Em alguns países, como na Dinamarca, a transição para a democracia aconteceu lentamente, mas em outros, como na França, foi de maneira repentina e violenta. Em alguns países, porém, como a Inglaterra, o governo adotou um sistema constitucional para amenizar a concentração de poder de um monarca e acabou se perpetuando até os dias de hoje.