Ciência
17/05/2023 às 04:00•2 min de leitura
Tida como extinta há menos de 150 anos, o hebraico, antiga língua do povo de Israel, permaneceu “adormecida” durante mais de 2 mil anos até ser revivida e difundida globalmente, sendo hoje falada por milhões de pessoas no mundo inteiro. Conservada como a língua escolhida por Deus para transmitir sua mensagem, ela conseguiu reconectar socialmente um povo separado por sucessivas diásporas (dispersões) pelo mundo.
O auge do "hebreu", que servia tanto para designar a linguagem como o próprio povo judeu, ocorreu entre os séculos XIII e II a.C. A primeira diáspora — migração em massa desse povo de sua Palestina natal para a Babilônia — ocorreu no século VI a.C., quando o rei Nabucodonosor II conquistou o Reino de Judá e destruiu o Templo de Jerusalém.
Após 70 anos de exílio, os judeus retornaram, depois que os babilônios foram derrotados pelos persas, e reedificaram seu local de culto no Monte Moriá. Mas, no ano 70 d.C., o templo foi novamente incendiado e destruído, desta vez pelos romanos. Como consequência, a segunda diáspora judaica espalhou o povo para diversos locais do mundo, como Europa, Norte da África, Oriente Médio e outras regiões.
Os judeus eram conhecidos como "Povo do Livro", por ler a Torá em voz alta.
Espalhados pelo mundo, foi questão de tempo para que os judeus deixassem de usar a sua língua natal na vida diária, o que pode ter começado a acontecer por volta do século II a.C., segundo os especialistas. Isso fez com que o povo hebreu fosse se tornando cada vez mais marginalizado e órfão de sua cultura e tradições. Eles chegaram até a criar uma nova língua – o iídiche – que é uma mistura de hebraico, alemão e línguas eslavas.
Sem falar seu próprio idioma, o povo judeu ficou conhecido como “Povo do Livro”, porque manteve sempre sua tradição religiosa de estudar a Torá e ler essa coleção de textos sagrados do judaísmo em voz alta. Assim, a antiga língua, agora chamada de hebraico, era aprendida para ler a Bíblia e acabou mantida por mais mil anos na forma escrita por meio da prática religiosa.
Primeiro Comitê de Linguagem Hebraica em Jerusalém, 1912.
No século XIX, um judeu nascido na Lituânia, Eliezer Ben-Yehuda, viajou para Paris em 1878 e liderou o crescente movimento nacionalista que lá florescia, reconstruindo o que conhecemos hoje como hebraico moderno. Em 1881, ele e sua esposa se mudaram para Jerusalém e criaram seu filho Itamar Ben-Avi para ser o primeiro falante nativo da língua revivida.
Adormecido por milênios, o hebraico carecia de muitas palavras novas. Para isso, Ben-Yehuda fez um dicionário de novas palavras, que incluíam até o termo “milon”, que significa “dicionário”.
Hoje, como consequência da abertura das primeiras escolas de hebraico em 1913 e da fundação do estado de Israel em 1948, existem 15 milhões de falantes da língua no mundo, sendo 9,5 milhões no país judeu.